"A descoberta de um papiro do século IV que menciona a mulher de Jesus
reacendeu a polémica em torno do celibato dos padres e do papel da
mulher na Igreja.
Foi desta forma que muitos órgãos de comunicação
leram os resultados da investigação de Karen King, especialista em
História do Cristianismo de Harvard.
Lendo com
atenção as declarações da investigadora chega-se à conclusão que ela
limita-se a afirmar que num fragmento, do tamanho de um cartão de
crédito, se lê a expressão "Jesus disse-lhes: ‘A minha mulher..." Isto
não deve ser assumido como prova irrefutável do casamento de Jesus, mas
tão só que alguns cristãos acreditavam que Jesus teria sido casado.
Apesar
dos esclarecimentos da historiadora, um artigo chega mesmo a afirmar
que "a discussão é particularmente preocupante para a Igreja Católica,
que proíbe o sacerdócio a mulheres e proíbe o casamento dos padres, num
modelo baseado na vida de Jesus".
De facto, a
Igreja não ordena mulheres. Mas há padres casados na Igreja Católica,
sempre existiram e, provavelmente, sempre existirão. O Concílio Vaticano
II afirmou claramente que o celibato não é exigido pela própria
natureza do sacerdócio, como se pode ver "pela prática da Igreja
primitiva e pela tradição das Igrejas orientais, onde (...) existem
meritíssimos presbíteros casados" (PO nº 16).
Muitos
desconhecem que a Igreja Católica tem sacerdotes casados. Nas Igrejas
de rito oriental, em países como a Grécia, Hungria, Ucrânia ou Rússia -
que têm uma liturgia própria e regras diferentes das nossas, mas que são
católicos como nós - sempre houve padres casados e padres celibatários.
Para
toda a Igreja Católica, o celibato, mais do que a mera imitação de
Jesus, é um dom que é concedido a alguns, que se sentem felizes e
realizados com esse estilo de vida que, em princípio, lhes permite uma
maior disponibilidade para dedicação total às comunidades cristãs. No
ocidente é exigida uma vida celibatária aos que querem assumir o
sacerdócio, mas nada impede que, no futuro, como já acontece no rito
oriental, não possam vir a ser ordenados homens casados. É que o
celibato é uma mera norma disciplinar e não um dogma de fé, universal e
obrigatório."
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