quarta-feira, 12 de setembro de 2012

entrevista... 'pelos disparates que fizemos, até estamos a pagar barato' [não sei o que dizer...!]... joão césar das neves... no i...!

"Recebeu-nos no seu gabinete da Católica Lisbon School of Business and Economics, o nº5319, no terceiro piso. Um espaço que parece pequeno para tantos livros e onde algumas imagens alusivas aos três pastorinhos fazem transparecer a devoção a Nossa Senhora. Ex-assessor económico de Cavaco Silva, então primeiro- -ministro, o professor catedrático confessa que procura rezar permanentemente: “Rezo para viver e vivo para rezar”. Para Portugal ainda acredita num milagre, que poderá acontecer já em 2013.

Concorda que esta é a geração mais bem preparada de sempre?

Sim, mas nós também temos um atraso na preparação em relação à realidade. Agora não há dúvida que os meios hoje disponíveis para os jovens são muito superiores aos dos tempos antigos.

E preparada para quê?

O mundo está a mudar brutalmente, como no meu tempo estava, mas se calhar este tempo é um bocadinho mais perturbador. Eu acho que os jovens hoje têm medo, que é uma coisa que as gerações anteriores não tinham.

De quê?

Têm medo por causa do desemprego, têm medo porque as oportunidades são muito mais vastas e a escolha mais difícil. Depois, é preciso dizer que a geração anterior à actual, que tem hoje 30 anos, foi enganada.

Enganada por quem?

Uma parte foi mesmo fraude política, outra foi ilusão. Tudo, agravado pela crise, cria uma forte tensão na juventude, que não é pior que a vivida pelos pais ou avós no 25 de Abril. Sentem-se irritados e muitos estão a reagir como os seus avós reagiram, a emigrar, que é uma coisa boa, outros estão a dar a volta como são capazes. Esta é uma geração que vai ter bons resultados, acho eu. Só que não está a ser fácil.

Qual a razão de fundo para não ser fácil?

É uma razão que está a afectar todo o mundo ocidental, não tem nada a ver com o caso português. Está a acontecer nos Estados Unidos, na Alemanha, em todos os países, e tem a ver com as pressões que as novidades tecnológicas, a globalização, exercem sobre o mercado de trabalho e sobre a vida das pessoas. Trazem grandes oportunidades mas também grandes medos e até uma certa polarização.

No 25 de Abril as pessoas sabiam o que queriam. Agora também sabem?

Em certo sentido esta geração é mais pacífica que a anterior. Estamos de acordo que queremos estar na Europa, que queremos uma economia de mercado, já não há as tensões entre republicanos e monárquicos, entre comunistas e liberais. Há alguma desorientação mais no lado dos costumes, no abandono do casamento, dos filhos como um propósito... As tais oportunidades criaram algumas perplexidades, talvez esta geração esteja um bocadinho deslumbrada e a cair numa fraude.

Que fraude é essa?

É como a fraude dos anos 60/70, da geração hippy, que abandonou tudo o que era antigo, deslumbrada por uma coisa nova. É um fenómeno parecido que está a passar-se em Portugal, de forma tardia. Não andam com flores no cabelo, mas estão a rejeitar as tradições. E de alguma forma vão voltar a elas porque vão ter de crescer. Há uma juventude retardada, gente que quer ser jovem mas que já tem 50 anos, pessoas da minha idade que nunca chegaram a ter um emprego, família, que continuam a ter cabelos compridos e a jogar computador, a achar que tem uma vida. Não têm: get a life!
"



convém ler a entrevista toda... aqui.

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