quarta-feira, 5 de setembro de 2012

opinião... (d)o estado, o governo e a televisão [coisas da sábado]... de josé pacheco pereira... via abrupto...!

"Nem tenho falado das matérias da RTP, porque não vale a pena. A minha opinião é conhecida: o estado não deve ter órgãos de comunicação social. Não tenho uma letra a mudar ao assunto. A questão do “serviço público” é outra, e a mistura das duas serve sempre para legitimar a existência de várias empresas públicas, com controlo governamental. Admitindo que há um “serviço público” mínimo, ele deve ser definido, coisa que os seus defensores nunca querem fazer, e acima de tudo, nada justifica que se estenda a matérias de jornalismo e informação.

Dito isto, também nunca tive a mais pequena dúvida de que, no fim da linha, não haverá qualquer diminuição do efectivo poder governativo, bem pelo contrário, sobre um canal ou um grupo de televisão a que hoje chamamos “comunicação social do estado”. Seja qual for a fórmula escolhida, chame-se-lhe “privatização” ou “concessão”, ou qualquer outra na panóplia de esquemas que os consultores encontrem, o estado vai sair mais forte, ou seja, os governos vão ter mais instrumentos para mandar no “seu” sector de comunicação. A não ser que este governo encontre uma fórmula para não só privatizar ou "concessionar" a RTP, como também privatizar o poder de controlar a RTP a favor de um partido ou de um grupo de interesses "amigo". Daí que o PS se mexa, como nunca se mexeu com nenhuma outra privatização, porque, quando houver rotatividade no governo, não encontra lá nada. está cá fora nas mãos de um certo PSD e da coligação de interesses que o apoia.  O PS encontrará certamente meios de pôr lá as mãos, porque os mecanismos de controlo permanecem na governação, mas será mais difícil

Para além de tudo ser obscuro e já estar decidido ou quase, o pior, em termos de saúde da nossa democracia,  é a entrega da comunicação social do estado a um grupo “amigo”, seja português, angolano, ou luso-angolano. Será é sempre “amigo” e bem “amigo”. Ou alguém imagina que qualquer proposta que apareça, vinda de alguém que o governo possa considerar “hostil” ao actual poder político, possa ter cabimento? Não, meus amigos, está tudo já cozinhado. Pode estar mal cozinhado, e haver sarilhos e indigestão, mas que o prato já está pronto ser servido, já está há muito."
 

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