domingo, 16 de março de 2014

[mais um excerto da entrevista]... santana lopes: "sócrates foi um primeiro-ministro com visão"... no público...!

"O manifesto é sobretudo ideológico?
Não e eu em certa medida discordo do primeiro-ministro. O sinal que estas pessoas dão não é errado. Não é mau para Portugal que, face à troika, um conjunto de pessoas com este peso e esta responsabilidade, tome uma posição como esta. Não significa que lhes dê razão do ponto de vista do Governo.

É um diálogo de surdos. O primeiro-ministro respondeu apenas que o manifesto era “irrealista”...
Eu não diria isso, mas o primeiro-ministro não pode dar o mínimo sinal de concordância com aquela posição. Mas lembro que já houve alguma renegociação da taxa de juro desde que começámos o memorando da troika. São papéis diferentes. Mas para não falar só de pessoas ligadas ao meu partido, há ali questões irónicas, como o engenheiro João Cravinnho...

A alma do manifesto…
O engenheiro João Cravinho é um dos grandes responsáveis das PPP [Parcerias Público Privadas], lá está, é a tal mistificação. Quem lança no Governo de Guterres as parceria rodoviárias público-privadas é o engenheiro João Cravinho. Pronto, já disse que está arrependido, mas é o que eu digo: este manifesto é um acto de redenção para muitas pessoas. Quando em 2004 disse e repeti que não podíamos consentir as SCUT´s e que tínhamos de aplicar o princípio do utilizador-pagador, António Mexia - outra inteligência distinta da nossa praça -, digo sem ironia…

Não pareceu…
Mas é! Sou amigo dele. Mas Mexia trouxe uma proposta enquanto ministro das Obras Públicas elaborada no Governo de Durão Barroso para ficarmos com SCUT´s até 2035, mais ou menos a mesma data do professor Cavaco Silva. Eu disse: nós não vamos onerar as próximas gerações, não temos dinheiro para pagar isso. Fui para as eleições legislativas dizer isso e José Sócrates disse que eu era um reaccionário. Autênticas mistificações. Tínhamos poupado tanto, tanto, tanto se o país não endeusasse asneiras. Apetecia-me fazer uma pergunta a cada um dos subscritores: "Olhe, desculpe lá, e naquela altura em que decidiu isto assim-assim não tinha ali nada para ver as contas?"

Que pergunta faria a Manuela Ferreira Leite?
Como é que ela defende que se possa aplicar, à luz da ética e dos princípios da moral, que, no pagamento do IRS, possa haver pagamento especial por conta e também retenção na fonte? Milhares de cidadãos em Portugal pagam ao mesmo tempo o seu IRS do ano transacto, fazem o pagamento especial por conta do imposto que pagaram nos anos anteriores, e fazem a retenção na fonte daquilo que efectivamente receberam. É uma triplicação do mesmo imposto. Na altura, a dra.Manuela Ferreira Leite disse que era provisório e continuamos com o pagamento especial por conta em vigor. Alguém tem alguma dúvida de que se a dra. Manuela Ferreira Leite fosse ministra das Finanças hoje a política seria muito diferente? Quase todos os subscritores seguem a mesma escola, nunca os vi seguirem outro caminho que não o da obsessão pelo défice.

O manifesto usa a frase tabu: “Há alternativa.”
Alternativas há sempre, só que não há alternativa no colete-de-forças em que estamos envolvidos por força dos compromissos internacionais que assumimos. O manifesto é patriótico. Alternativa…? Há, mas...

Qual seria?

Neste momento, agora, não sei qual é a alternativa exacta de que eles falam"



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