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Hoje por Martim Silva
Editor-Executivo
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13 de Fevereiro de 2015 |
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Um acordo ou meio acordo. O que vale mais?
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Bom dia!
Um acordo é melhor que meio acordo?
À primeira vista não, mas as aparências podem iludir, e esta
quinta-feira ter-nos-à ensinado que sim. Enquanto 16 horas de intensas
negociações entre Putin, Poroshenko, Hollande e Merkel levaram a um
acordo de cessar-fogo para o conflito na Ucrânia, em Bruxelas, e depois do intenso braço de ferro das últimas semanas, o Governo de Tsipras deu finalmente mostras de estar disposto a sentar-se à mesa com a troika.
As reações aos decisivos acontecimentos mostram como um meio acordo pode
bem significar um passo no caminho certo. E como um acordo fechado
pode, pelo contrário, levantar muitas dúvidas e um mar de interrogações.
Mas já lá vamos aos temas que têm dominado a agenda europeia nas últimas semanas. Deixem-me começar por uma evocação.
Tema forte do dia de hoje são os 50 anos que se assinalam sobre o assassínio brutal e ignominioso de Humberto Delgado, o general “sem medo” que em 1958 abalou o regime salazarista com a sua candidatura presidencial.
Dou-lhes três pistas para saber tudo o que interessa sobre esta data.
No Observador pode encontrar um explicador, em pergunta/resposta, sobre quem foi e como morreu.
Aqui no Expresso relembramos aquele que terá sido seguramente um dos grandes “furos” jornalísticos da história de quatro décadas deste jornal: a entrevista com o PIDE Rosa Casaco, o chefe da brigada que assassinou o general. O trabalho, escrito pelo jornalista José Pedro Castanheira, tem uma primeira parte dedicada ao crime propriamente dito e uma segunda em
que Rosa Casaco, entretanto falecido, é entrevistado (e, se o leitor
bem se lembra, fotografado junto à Torre de Belém, o que na altura, em
1998, causou grande celeuma).
Se quer saber tudo o que se vai passar nas comemorações desta data, leia este texto.
Ainda sobre o mesmo tema, já está nas bancas o número de fevereiro da Visão História,
dedicado inteiramente a Humberto Delgado. Eis alguns dos títulos: Como o
general pôs em causa o regime na campanha presidencial de 1958 e trouxe
o país inteiro para a rua; a luta a partir do exílio; a viagem
clandestina a Portugal; a teia montada para o assassínio; os lados menos
conhecidos: a negociação das bases dos Açores e a fundação da TAP.
Referência ainda para a proposta de Helena Roseta, vereadora em Lisboa,
que na SIC Notícias defendeu que o Aeroporto da Portela mudasse de nome
para... Aeroporto Humberto Delgado.
Vamos então olhar para o que aconteceu em Minsk. Pode o cessar-fogo marcar o fim do conflito armado no leste da Ucrânia? As análises internacionais mostram as sombras que pairam. A Atlantic começa por lembrar que ao mesmo tempo que Putin e Poroshenko bebiam café e chá sentados à mesma mesa, mais tanques russos entravam na Ucrânia.
Com um olhar mais económico, a Bloomberg pega nas palavras da
chanceler Merkel, que disse não ter grandes ilusões, para afirmar que
Putin mantém as autoridades de Kiev debaixo do seu polegar ao mesmo
tempo que tenta evitar o afundar da economia russa.
A própria Economist pergunta, de forma quase retórica, “será que o cessar fogo vai durar?”.
Se tiver mais tempo e quiser ler uma análise profunda sobre a presidência russa de Putin, os seus objetivos e estratégia, mais uma vez a Economist é a escolha acertada.
A BBC sugere um olhar sobre o massacre de Maidan, quando há cerca de um ano meia centena de protestantes foram mortos no centro de Kiev: “A história não contada do massacre”, titula a estação britânica.
Sobre a crise ucraniana, recomendo-lhe a leitura amanhã da reportagem na
revista E do Expresso sobre como o centro de refugiados da Bobadela
está a abarrotar de refugiados do conflito ucraniano.
Já em Bruxelas, e depois de um Eurogrupo inconclusivo em que, como afirmou o FT, eram 18 contra 1, no Conselho Europeu de ontem viu-se finalmente fumo branco. Ou melhor, finalmente houve fumo branco quanto à possibilidade de vir a existir fumo branco.
Personagem central neste palco é a chanceler alemã Angela Merkel,
que depois de tentar a paz na Ucrânia foi para Bruxelas tentar resolver
a tempestade em que a Europa está mergulhada desde as eleições gregas. A
“Chanceler do Mundo”, como lhe chamou um tabloide alemão, fez
mais de 20 mil quilómetros só na última semana:
Berlim-Kiev-Berlim-Moscovo-Munique-Berlim-Washington-Otava-Berlim-Minsk-Bruxelas.
Na cimeira, e depois do braço de ferro, a Grécia, ainda que continuando isolada, apenas com franceses e cipriotas do seu lado, conseguiu chegar a um primeiro sinal de entendimento com o Eurogrupo. Afinal, como hoje afirma o El Pais, todos torcem por um acordo.
Entre hoje e segunda-feira vai continuar o trabalho técnico. Nessa altura, nova reunião do Eurogrupo pode trazer luz para sabermos se há ou não acordo entre a Grécia e restantes países da Zona Euro.
OUTRAS NOTÍCIASAbro este bloco com a referência à notícia de ontem da atribuição do World Press Photo a uma fotografia de um fotojornalista dinamarquês que retrata um casal homossexual russo. Isto num ano que não foi seguramente um bom ano para se ser jornalista no mundo. O Público dá hoje chamada de capa ao tema “Houve uma regressão brutal da liberdade de imprensa em 2014”. Isto a propósito do relatório dos Repórteres Sem Fronteiras.
Ao todo, foram mortos enquanto trabalhavam 66 jornalistas. E há dezenas
deles que ao dia de hoje ainda se encontram raptados. Os cinco piores países para ser repórter são a China, a Síria, o Turquemenistão, a Coreia do Norte e a Eritreia. Os países nórdicos são os mais “amigos”.
Ainda olhando para o nosso umbigo, e se tiver curiosidade em perceber
como é que é feito um dos maiores colossos da imprensa mundial, o New York Times, espreite aqui.
O caso Swiss Leaks continua a ter desenvolvimentos. O The
Guardian, um dos jornais que está a divulgar a informação sobre a filial
suíça do banco inglês, revela hoje
como não eram apenas ricos, famosos e poderosos a procurar fugir ao
fisco usando o HSBC, mas também personagens ligadas a negócios pouco ou
nada claros (tráfico de droga, diamantes de sangue). Por cá, o
Diário Económico faz hoje manchete com o tema, dizendo que a lista do
Swiss Leaks não serve como prova para crimes em Portugal.
Ainda no Diário Económico, lê-se que os hipermercados se preparam para recorrer a sacos de plástico
mais grossos para conseguirem fugir à taxa verde do Governo. Esta taxa,
que leva os sacos de supermercado para os 10 cêntimos cada, entra em
vigor já no fim de semana. Sobre o tema, sugiro este artigo do El Pais que ajuda a perceber (pelo menos para os defensores da medida) a necessidade de taxas ecológicas.
Ficámos também a saber que o Facebook já permite deixar o perfil como herança. Parece bizarro, mas numa altura em que todos andamos nas redes sociais, vale a pena perceber melhor o assunto.
Sobre a rede social criada por Mark Zuckerberg não pode mesmo perder este sábado a reportagem de Mafalda Anjos na revista E do Expresso,
que esteve na sede do Facebook empresa nos Estados Unidos e lhe revela
tudo sobre o funcionamento de uma das mais poderosas e influentes
empresas do mundo. No Expresso Diário já lhe levantamos um pouco do véu sobre o que vai poder ler.
Finalmente,
Um episódio da nova série da aclamada House of Cards foi revelado por engano.
O maior golfista de todos os tempos pode ter arrumado os tacos.
Amanhã é Dia dos Namorados e no Expresso Diário, com a ajuda da equipa do Boa Cama, Boa Mesa, damos sugestões aos namorados mais esquecidos. Este não parece é ser um bom ano para oferecer chocolates. É que o preço do cacau está em alta.
Nos Estados Unidos, o Presidente Obama tirou uma selfie com o muito na moda pau de selfie. E deu uma entrevista à… Vox.
Fique ainda a saber que no Expresso Diário de hoje lhe vamos contar tudo sobre a sondagem da Eurosondagem para o Expresso e a SIC deste mês. Quais os partidos que sobem e os que descem?
FRASES"Portugal é o país que, em percentagem de PIB, mais esforço fez de solidariedade com a Grécia”. Na conferência de imprensa noturna, em Bruxelas, e de forma desconcertante, Passos Coelho respondeu à carta de 32 personalidades, que ontem lhe pediram que mudasse de posição em relação à Grécia.
“O
couro preto e o pormenor moderno da fralda de fora indicam
agressivamente o macho Alfa, a sua virilidade e a sua vontade de
domínio. Características que, se não comovem a sra. Merkel, intimidam os
burocratas da economia e arrasam as feministas de serviço. A velha
Europa precisava desta metamorfose da revolução”. A frase é de Vasco Pulido Valente, na sua crónica na última página do Público de hoje. Fala, claro está, dos novos governantes gregos. E o estilo de Varoufakis voltou ontem a ser notícia: Depois de ser criticado nas redes sociais por causa do preço do cachecol com padrão escocês com que apareceu em Bruxelas, o ministro respondeu no Twitter dizendo que tem 12 anos… e foi prenda da mulher.
“Ninguém tem uma solução sobre o que fazer no atual modelo de desenvolvimento”, D.Manuel Clemente,
Patriarca de Lisboa, em entrevista ao Diário de Notícias, um dia antes
do Papa Francisco o ordenar Cardeal, amanhã no Vaticano. A acompanhá-lo
vai estar uma vasta comitiva de 300 pessoas, que inclui os ministros
Paulo Portas e Rui Machete.
“Quando me tiraram a condecoração os outros presos disseram-me ‘não ligue, é um pedaço de lata’”, Carlos Cruz, em entrevista ao jornal i a propósito da recente decisão de lhe ser retirada a condecoração presidencial.
O QUE ANDO A LER
Hoje, as minhas sugestões e recomendações começam pela estreia no
romance do jornalista (meu antigo colega no Diário de Notícias) Fernando Madail, autor aqui há uns anos da biografia de Fernando Valle. “A Costureira Sem Cabeça”, da Oficina do Livro, é um romance histórico passado por alturas da implantação da República e uma leitura recomendável.
Recuando um pouco, ao século XIX, tenho nas mãos a Cartuxa de Parma, de Stendhal,
um clássico da literatura universal (que me foi altamente recomendado
pelo Ricardo Costa), que narra as aventuras de Fabricio Del Dongo. Grande literatura!
Nas páginas da imprensa nacional, destaco o conjunto de textos publicados ao longo de toda a semana no i por Ana Sá Lopes,
uma das jornalistas de política nacional de mais refinada escrita,
sobre a “alma” dos nossos partidos. Deixo aqui os links para os dois
últimos, do Bloco de Esquerda e do PS.
Fiquei ainda a saber hoje, pelo Sol, que antes de ser detido José Sócrates preparava novo livro, com o título… Carisma. Se a obra vir a luz do dia, pode ser que ainda passe por aqui.
Hoje é sexta-feira 13.
Neste dia nasceram Agostinho da Silva, Catarina Eufémia e Artur Jorge.
Faltam 321 dias para acabar o ano. Tenha uma excelente sexta-feira,
aproveite o fim de semana, leia a edição semanal do Expresso amanhã (e
não esqueça o código na capa da revista para poder aceder ao Expresso
Diário na próxima semana).
Segunda-feira, em pleno Carnaval, estou de volta para lhe dar mais um Expresso Curto.
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