Bom dia,
Se o mal tem hoje um rosto, ele é um homem vestido de preto dos
pés à cabeça, no meio do deserto, empunhando uma faca e com um
sequestrado ao lado, de joelhos, vestido com um macacão cor de laranja e
o ar vazio de quem sabe que vai morrer. Todos vimos estas imagens no último ano. Imagens do terror semeado pelo Estado Islâmico. O mal tem mesmo um rosto. O rosto que se esconde por trás da máscara de Jihadi John, de que agora se conhece a identidade.
O assunto faz capa dos principais jornais ingleses de hoje. E também do Expresso Diário, que além de contar a história de Jihadi John revela as ligações com os jiadistas portugueses.
O choque aumenta à medida que os detalhes são conhecidos e que percebemos como o mal mais absoluto se pode esconder no meio de nós. É a banalidade do mal, conceito cunhado por Hannah Arendt. Jihadi John, aliás Mohammed Enzawi, é um jovem britânico de família de classe média, integrado, com um curso superior, que gosta de roupa de marca e vivia integrado na comunidade.
Deixo-lhe vários artigos sobre a história dele. Destaco em primeiro lugar o do Telegraph, que começa precisamente por afirmar que o mais impressionante na história do terrorista mais procurado do mundo é o facto de parecer um tipo banal e normal. O da Vox também vale a pena ler.
E aqui podemos perceber um pouco melhor os esforços vários que a comunidade muçulmana e os Estados Unidos estão a fazer para travar o avanço do Estado Islâmico.
Por cá, está longe de terminar a polémica a propósito da gaffe de António Costa, que hoje é destaque na imprensa nacional (capa do i, do DN, do Público). Destaco as opiniões, à esquerda e à direita, de Daniel Oliveira e Henrique Raposo, no Expresso Diário. Se é certo que a direita está a usar o caso o mais que pode para inflingir danos aos socialistas, não o é menos que o próprio Costa quanto mais se tenta desenvencilhar do nó que criou, mais enleado parece ficar. Ele diz que está perplexo. Nós percebemo-lo. Também estamos.
Aliás, o que parecia um fósforo a arder está agora a transformar-se num incêndio. Costa já se dirigiu aos militantes do PS por sms a explicar a situação (sinal de desespero) e até a Reuters anda a escrever sobre esta “chinesice”.
Que pensará Seguro sobre o que se passa?
No Expresso Diário de hoje pode saber tudo sobre a sondagem da Eurosondagem em que se traçam cenários eleitorais para as legislativas, com e sem coligação entre PSD e CDS. O que é melhor para direita, ir junta ou separada a votos? E em qual dos cenários o PS fica mais próximo da vitória?
OUTROS ASSUNTOS CÁ DENTRO
Por cá, o INE deve confirmar hoje o que já se sabia, ou seja que o crescimento da economia portuguesa no ano passado se fixou em 0,9%.
Em Alvalade, a noite não se pintou de verde e o Sporting ficou pelo caminho frente aos alemães (no final ganham sempre eles) do Wolfsburgo, depois de um empate a zero. Assim, já só resta uma equipa nacional nas provas europeias de futebol, e a situação dos clubes portugueses no ranking europeu fica pior. Quem sorri são os italianos, que ainda têm cinco equipas em prova.
Ontem foi dia de Zeinal. Zeinal Bava. O sr. falta de memória
- deve aliás estar nos livros de gestão: se o negócio corre bem, bate
no peito e grita que o fizeste; se correr mal, mal te lembras do teu
nome. Enquanto em Alvalade o marcador ficou em branco, em São Bento, vitória de Mortágua. Mariana Mortágua. As comissões de inquérito parlamentares continuam a revelar-se uma espécie de Academia de Alcochete para a revelação de novos “craques”na política. Ontem, a deputada bloquista (para mim, a melhor deputada do ano)
não poupou o antigo líder da PT, acusando-o diretamente de amadorismo.
Isto enquanto Zeinal se defendia com os habituais pôncio pilatianos “não
sei”, “não me lembro” e outras expressões do mesmo calibre.
Aliás, Cristina Ferreira escrevia no Público como os deputados perderam a paciência pela forma como Zeinal se comportou.
Ainda a propósito da Comissão de Inquérito ao descalabro no BES, amanhã tem de ler a reportagem sobre os bastidores dos trabalhos parlamentares, na Revista E, escrita pelo Filipe Santos Costa.
Sobre o enriquecimento ilícito, que vai voltar a ser debatido para a semana no Parlamento, os partidos da maioria ainda não se entenderam.
Hoje é dia de abertura oficial do Fantasporto, e no Expresso
Diário vamos contar-lhe tudo, pela pena do Rui Cardoso e do Valdemar
Cruz. Toda a produção fantástica deste ano é precisamente marcada
pela,,, banalidade do mal.
OUTROS ASSUNTOS LÁ FORA
Hoje é o dia em que o Parlamento alemão tem de votar a extensão do programa de ajuda à Grécia por mais quatro meses. A extensão deve ser aprovada mas o clima político não está famoso e parece que Varoufakis voltou a irritar Schauble. Ao mesmo tempo, surgiu a primeira manifestação em Atenas contra a atuação do Syriza.
Sobre a crise e a descida generalizada das taxas de juro na Europa, com exceção na Grécia, atingindo mínimos históricos, vale a pena ler estas linhas do Jorge Nascimento Rodrigues no Expresso Diário.
Ainda sobre a situação grega, vale a pena passar os olhos por este texto do FT para percebermos melhor as resistências levantadas pelo FMI à extensão do programa.
Mas agora leia este alerta.
Que nos diz? Basicamente, que se pensamos em Grécia quando pensamos em
crise se calhar estamos a olhar para o sítio errado. Isto porque a situação orçamental no Japão é hoje crítica e pode mesmo descambar numa grave crise mundial. Ou não estivéssemos a falar da terceira maior economia do mundo.
Aliás, os sinais de alertas parecem multiplicar-se. A Bloomberg traça mais um, dizendo que se pode aproximar nova crise financeira mundial. Oh não, outra vez não, apetece dizer. Entre as razões para tal estão a queda do preço do petróleo e a volatilidade bolsista.
Sobre o conflito no leste da Ucrânia não pode perder este artigo em que se explica como o uso pelos dois lados do conflito de milícias e grupos armados pode vir a originar uma nova guerra, em que Moscovo e Kiev já não têm mão. E ainda este, sobre o conflito Kiev-Moscovo, mas na perspetiva energética, leia-se gás.
No New York Times, é George Clooney quem escreve um artigo hoje chamando a atenção para a situação no Darfur.
Mas se de um lado há crise, do outro surgem boas notícias. Sabia que 2014 foi o melhor ano de sempre para o mercado mundial de arte? As vendas ascenderam a 15 mil milhões de dólares. A obra mais cara que mudou de mãos tem a assinatura de Giacometti.
Na Argentina, a justiça considera que não há provas para se abrir uma investigação à presidente Cristina Kirchner, na sequência da denúncia do falecido procurador Nisman.
No último fim de semana viu a cerimónia dos Óscares? Se viu, vai querer ler isto. Se não viu, também. É uma ótima explicação para a queda constante das audiências
da cerimónia nos últimos anos. Ou, de como os Óscares premeiam filmes
para adultos numa era em que os adultos vão cada vez menos ao cinema.
A internet é um bem público? Nos Estados Unidos, o tema é polémico, com a aprovação de uma lei que impede os grandes gigantes tecnológicos de poderem pagar para o acesso aos seus serviços seja mais rápido. Aqui tem uma boa explicação para o caso. E aqui um olhar americano para o que se está a passar.
Já recebeu o convite da Apple para o evento de 9 de março? Não, pois claro. Mas vem aí gadget novo. O iWatch?
E o que faria se o seu dia tivesse mais 40 minutos? É que se vivesse em Marte, ele tinha mesmo.
Este fim de semana começa o circuito mundial de Surf. As primeiras ondas vão ser surfadas na Austrália,
com o campeão em título, o brasileiro Gabriel Medina, a querer
confirmar que o domínio de americanos, havaianos e australianos já
passou à história. Este ano não há portugueses, depois de Tiago Pires
não conseguir a nona qualificação seguida para a elite mundial do surf.
Mas a prova de Peniche mantém-se, e será lá para o final de outubro.
FRASES
“Eu não sabia de nada”, Zeinal Bava, na Comissão de Inquérito ao caso BES, citado na capa do JN
“Não me sinto numa geração à rasca”, Maria Nunes Pereira,
investigadora portuguesa recentemente destacada pela Forbes na sua
lista de talentos com menos de 30 anos, no Jornal de Negócios
“O
autocrata de hoje já não é o czar Nicolau II, nem Lenine, nem Estaline,
nem Khruschev, nem Brejnev. É um antigo membro da polícia secreta e,
por consequência, um dissimulador, um mentiroso, um torcionário e um
assassino, que dá pelo nome de Putin e que preside a uma cleptocracia”, Vasco Pulido Valente, no Público, lúcido como sempre, ácido como nunca
O QUE ANDO A LER
A edição de março do Courier internacional já está nas bancas e este mês o olhar mais profundo vai para Israel.
Com eleições internas já em março, que influência terão os recentes
acontecimentos, com os atentados terroristas na Europa e o apelo de
Netanyahu para o regresso dos judeus a Israel, nos resultados
eleitorais? E a política de crescente isolamento do país?
“À Procura de Respostas” é o título da
reflexão sobre o mundo atual e caminhos a seguir que nos propõe o mais
carismático dos chefes de governo espanhóis, Felipe Gonzalez. Com prefácio de António Costa, a obra é das edições Matéria Prima.
Do autor de “O Fim da História e o Último Homem” está já disponível o segundo volume da sua história da ciência política. “Ordem Política e Decadência Política – da reveolução industrial à globalização da democracia”. A obra é longa longa, mas Francis Fukuyama merece seguramente a melhor atenção ou não fosse ele um dos mais influentes pensadores das últimas décadas.
Ainda não a tenho, mas a edição de The Economist desta semana promete. O Brasil está na capa, mas pela bagunça em que o país está mergulhado.
Na televisão não esqueça que estreia a terceira temporada da super-série House of Cards,
com Kevin Spacey e Robin Wright como protagonistas. Hoje na Netflix e
amanhã, sábado, por cá no TVSéries, no cabo. Mas antes de ver o primeiro
episódio, relembre aqui todas as pessoas que ele foi triturando e lixando ao longo da série.
Tenha uma excelente sexta-feira.
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