"Eu gosto das energias renováveis. Mas há graves problemas associadas
às energias eólica, hídrica e solar que se reflectem penosamente nos
custos. Analisemos o caso da eólica. Em primeiro lugar, ela é
intermitente: o vento sopra quando sopra. Em segundo lugar, os sítios
onde sopra mais não são os sítios onde a energia é mais precisa, nem as
horas em que sopra mais são as horas a que a energia é mais precisa,
pelo que é necessário um bom sistema de transporte de energia – e esse
transporte redunda sempre em perdas – e de armazenamento – pode-se, por
exemplo, bombear a água de uma barragem à custa de energia eólica para
mais tarde abrir as comportas. Uma rede energética que integre bem a
eólica com as outras energias é complexa e cara, como mostra o facto de a
Dinamarca ter uma das electricidades mais caras do mundo. Para estes
problemas têm alertado alguns estudiosos da economia e da energia,
entre os quais Henrique Neto, José Veiga Simão, Luís Valente de Oliveira
e Miguel Beleza, que divulgaram recentemente um Manifesto por uma Nova Política Energética em Portugal - III.
Eles têm, contudo, sido considerados pelos defensores do statu quo e
pelos media em geral como um lobby pró-nuclear, o que não é labéu
pequeno num país em que o governo anterior demonizou a opção nuclear a
ponto de nem sequer ser lícita a alusão a ela. Devíamos prestar-lhes
atenção quando dizem que há um “monstro eléctrico”. A
engenharia financeira que tem alimentado projectos de energias ditas
sustentáveis não é sustentável. A prosseguir o aumento do défice dessa
maneira, não veremos luz ao fundo do túnel."
aqui.
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