sábado, 22 de setembro de 2012

opinião... (do) prazo de validade do governo... de josé medeiros ferreira... no cm...!

"O governo acabou asfixiado, sem oxigénio suficiente. Minado internamente pela sofreguidão de futuro de Paulo Portas, e cercado externamente pelas necessidades presentes do povo, Passos Coelho enfrenta um teste decisivo às suas reais capacidades políticas.

E as capacidades políticas requeridas ultrapassam os arrimos clássicos da ética da convicção e da ética da responsabilidade. Nem sequer me refiro a qualquer dimensão extraordinária como estadista, pois que os países europeus terão de resolver os problemas do dia com dirigentes normais em democracia. Refiro--me, sim, a uma inteligência aguda da situação, para além das ideias feitas com que chegou ao poder.

Ora a inteligência da situação passa por não considerar a proposta sobre a TSU como a única questão que a coligação terá de rever. O governo terá ainda de recuar no seu perigoso afrontamento com o Tribunal Constitucional quanto aos salários da função pública e às pensões de reforma. Ou seja, o governo terá de refazer o já anunciado para a proposta de orçamento. O afunilamento do governo para resolver unicamente as iníquas percentagens da TSU será um erro que não abafará o clamor que se levanta em toda a nação.

O principal problema de qualquer governo em Portugal nos próximos tempos é o de conseguir alterar os termos da sua relação negocial com a troika. Da atitude passiva actual de bom aluno mesmo de maus mestres, qualquer outro governo deverá evoluir para uma atitude de negociador capaz, responsável e transparente, quer perante o seu povo quer perante os organismos internacionais envolvidos. Neste aspecto, como noutros, o executivo de Passos Coelho falhou redondamente. Essa falta de sentido negocial com a troika é mesmo a grande crítica que endereço a Vítor Gaspar, cuja meritória trajectória institucional é conhecida. A ida ao Conselho de Estado para explicar esse quadro negocial perante o PR deve ter sido um exercício potencialmente virtuoso… 

Este governo acabou por razões internas e exteriores como o levantamento popular de sábado. O PR tudo fará para lhe adiar a certidão de óbito até à apresentação de uma modelada proposta orçamental. A partir daí, o caminho estará traçado. Só faltarão o tempo e o modo."


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