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Hoje por Pedro Candeias
Coordenador
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9 de Fevereiro de 2015 |
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Este Jesus é o anti-Cristo
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Acompanhe-me neste raciocínio: um jogo que não foi apenas um jogo mas um dérbi
jogado a meio-campo e que acabou empatado e com tão poucas ocasiões de
golo em que foi preciso usar o timewarp para perceber se são quatro ou
só três – ora, este foi um bom jogo? Não. Mas há quem goste. Sobretudo os treinadores por causa de uma palavra que eles adoram ter na ponta da língua: controlo.
Controlo emocional. Controlo tático. Controlo dos momentos do jogo.
Controlo no processo ofensivo, defensivo e nas bolas paradas.
Blá. Blá. Blá.
Nestas alturas, recordo-me do futebol inglês antes de ele ser aculturado
por nós, continentais, e a nossa mania da posse e da matreirice e das
ratoeiras. O Sporting-Benfica foi mau porque foi disputado por uma
equipa que queria ganhar mas não a todo o custo e outra que não queria
perder nem à lei da bala: o Sporting atacou mais e se com Slimani talvez um daqueles muitos cruzamentos que deram em zero tivesse resultado em qualquer coisa; o Benfica entrou para defender e não dar pontinhos sem nós.
E só assim se entende a titularidade de André Almeida, o faz-tudo-da-Luz
ao qual faltava ainda experimentar a posição 8. Ontem, Almeida andou
por lá mas foi como se não tivesse andado e foi a meio-campo que os
rapazes de Marco Silva asseguraram a (relativa) superioridade.
Resumindo: como não há muito por onde escolher, a não ser pelo lado de Eliseu, o dérbi encaminhou-se para 0-0 até Jefferson
marcar após uma defesa de Artur. E, durante sete (curioso) minutos, os
adeptos sportinguistas viram-se na corrida pelo título; a trinta
segundos do fim, Jardel voltou a pô-los fora de pista. E fora deles.
Com quatro pontos sobre o FC Porto e sete sobre o Sporting, o Benfica
continua a ser o candidato número 1 mas há uma história que a Mariana Cabral recordou
e que Jesus não deve esquecer. E é provável que não se esqueça, pois
este Jesus já não é o Jesus que jogava cada jogo para ganhar e dar
espectáculo. Este é mais prático do que artístico. Este Jesus é o
anti-Cristo.
OUTRAS NOTÍCIAS
A 22 de dezembro de 2008, o suíço Hervé Falciani
foi detido por ter feito o que um empregado nunca deve fazer: roubar o
patrão e os clientes do patrão – e ser apanhado. E foi aí que começou o Swiss Leaks, uma barracada financeira que compromete o gigante HSBC,
suspeito de ajudar a clientela rica (mais de €180 mil milhões
escondidos e espalhados por 106 mil contas, uma delas de David Bowie) a
fugir ao fisco através de esquemas tão imaginativos quanto as premonições de Jesus.
Mas nem Jesus (prometo não falar mais do dérbi) acertava nisto que agora lhe proponho. Em Espanha, uma sondagem
mostra uma correspondência entre o número de pessoas que se manifestam
por se dizerem fartinhas do país real e as que acreditam nas histórias
da carochinha: o Podemos lidera nas intenções de voto e o Cuidadanos é agora a quarta força política do país vizinho.
Num lugar mais distante também se fala de eleições. A Nigéria, a maior economia de África, tinha encontro marcado com as mesas de voto (14 de fevereiro) mas a data foi adiada seis semanas pela Comissão Eleitoral: enquanto o exército combate o Boko Haram a norte, não é possível garantir a segurança do processo eleitoral nos outros pontos cardeais. E o Ocidente desconfia.
A Leste confia-se que Minsk (Bielorrússia) seja, pela segunda vez desde
setembro, o sítio certo para pôr fim aos conflitos ucranianos. Ontem, os líderes da Rússia, França, Alemanha e Ucrânia estiveram ao telefone durante horas e acordaram reunir-se na quarta-feira na capital bielorrussa para discutirem os termos que apalavraram entre eles. E, quem sabe, Putin possa convidar este tipo para celebrar.
E por cá o caso Sócrates mantém-se no centro desta vez com o deve e o haver dos rendimentos declarados por Carlos Santos Silva ao fisco
em manchete no Público. As contas não batem certo porque os números não
chegam aos €4,7 milhões. Como diria Jesus (quebrei a promessa) é tudo
uma questão de money.
FRASES“A Grécia tem a
obrigação moral para com o seu povo, para com a sua História e para com
todos os povos europeus que lutaram e deram o seu sangue contra o
nazismo.” Alexis Tsipras, na apresentação do programa do Governo no parlamento grego
“Mais do que a inteligência, luminosa e meticulosa, mais do que a
cultura, fenomenal e sem fronteiras, tanto quanto o carácter, íntegro e
inconformista, o que mais apreciei nele foi a sua liberdade.” António Barreto, no Observador, sobre Manuel de Lucena
“Não
é matéria que esteja no programa do Governo […] Não estou inteirado das
circunstâncias em que a ministra Paula Teixeira da Cruz terá feito
essas afirmações, mas concluo que ela as fez muito a título pessoal.” Pedro Passos Coelho contradiz a Ministra da Justiça no tema da despenalização das drogas leves
"Obrigado por me partires o coração. Tu deste-me quatro Grammy... Meu Deus, esta é a melhor noite da minha vida." O cantor inglês Sam Smith agradece ao ex-namorado que o inspirou a escrever a canção 'Stay With Me'. Smith foi o grande vencedor da noite dos Grammy
O QUE EU ANDO A LERNa mesa está ‘Estrela Solitária – Um brasileiro chamado Garrincha’, do brasileiro Ruy Castro. É a biografia de Mané Garrincha,
o herói mais improvável do futebol que nasceu com as pernas tortas e um
desvio na coluna, que era vesgo e alcoólico, mulherengo e preguiçoso – e
tinha o melhor drible da história do futebol. O Brasil deve-lhe o
Mundial de 1962 e ele morreu só. E na miséria.
Se o quiser ver e ouvir, vá por aqui que
nós continuamos no mesmo sítio. E amanhã volte para ler o Bernardo
Ferrão, o editor de política do Expresso, que lhe contará uma coisa ou
outra sobre aquilo que faz mexer o país. E, já agora, se tiver aí o seu
Expresso à mão, não se esqueça de usar o código que está na capa da
Revista para seguir a atualidade da semana no Expresso Diário, sempre às
18h. Saiba como aqui
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