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Por Pedro Santos Guerreiro
Diretor Executivo
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28 de Maio de 2015 |
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Corrupção, dizem todos menos ele
Todos menos Blatter. Mas todos mesmo: o escândalo de corrupção na FIFA é manchete em todo o mundo, sobretudo nos Estados Unidos, o que é espantoso tendo em conta que, como escreve o New York Times em editorial, o futebol é muito menos popular naquele país do que em qualquer outro lado. Mas sim, como titula a CNN, a “América a está a descer o martelo sobre a FIFA”.
É que talvez o assunto não seja futebol, mas sim corrupção. E talvez tenha sido por serem os Estados Unidos a investigar que algo aconteceu. Afinal, há mais de uma década que existiam rumores, notícias e denúncias. Mas, escreve John Gapper no Financial Times, “a América é o melhor árbitro para disciplinar a FIFA”, dada a “longa tradição” e a demonstração de “grande vigor perseguindo criminalidade internacional”. A procuradora Loretta Lynch passou anos a construir o caso. O The Guardian explica como.
A pressão é alta, na véspera das eleições para a FIFA, que Blatter se prepara(va?) para vencer. Só que já se pede para adiar as eleições e para forçar a saída do todo-o-poderoso. Figo di-lo há vários meses e voltou a dizê-lo ontem. Agora são também os patrocinadores. Como escreve o The Guardian, a Coca-Cola também quer “mãos limpas”. Num texto com números arrepiantes, o Washington Post mostra “a portagem humana da corrupção na FIFA”: centenas de trabalhadores migrantes já morreram nas obras para o mundial no Qatar de 2020.
OUTRAS NOTÍCIAS
Sócrates foi a Lisboa. Saiu de Évora ontem à tarde, foi interrogado quatro horas pelo procurador Rosário Teixeira e à noite regressou à prisão alentejana. Como conta o jornalista Rui Gustavo, o Ministério Público acredita que Sócrates recebeu 23 milhões do grupo Lena em troca de benefícios em obras de concurso público.
Quem nunca gostou de Sócrates foi Henrique Neto, que agora o relembra enquanto candidato a Presidente da República. “A relativa juventude dos dirigentes políticos e a sua relativa inexperiência da vida económica e social, quer portuguesa quer internacional, faz com que eles desenvolvam um certo medo de se confrontarem com as ideias que vêm da sociedade”, diz em entrevista ao Jornal de Notícias, que tem como título “Seguro faria mais reformas que Costa”. Neto deixa claro que, numa eventual segunda volta das presidenciais de 2016 que o exclua, não endossará o seu apoio a Sampaio da Nóvoa.
Há ou não princípio de acordo entre a Grécia e os credores? O governo grego disse ontem que sim, Bruxelas desmentiu e fontes citadas em vários jornais dizem que há possibilidade de ser desta: às portas de poder entrar em incumprimento. Ontem, num debate em Lisboa com Rui Machete, o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Frank-Walter Steinmeier, reconheceu que “vai haver um choque político a atravessar a Europa se a Grécia sair do euro”. A jornalista Luísa Meireles esteve lá.
O Governo quer limitar o acesso interno a dados dos contribuintes, noticia o Público em manchete. É a ação depois do escândalo da Lista VIP, e de um relatório arrasador sobre a falta de segurança da Administração Tributária quanto à base de dados sobre os contribuintes.
O projeto de estatuto dos polícias voltou à estaca zero, diz o Diário de Notícias em manchete. O PSD e o CDS não querem problemas em altura de eleições e as negociações com os sindicatos recomeçam hoje com a ministra fragilizada.
As prestações da casa estão mais baixas. Como explica o Diário Económico, todos os créditos à habitação cujas taxas são revistas em junho beneficiam de uma descida. Os contratos com euribor a três meses vão pela primeira vez ter a taxa negativa a reduzir o spread.
Nas casas de Alfama, na capital, já moram mais turistas do que lisboetas, escreve o Negócios. Já o Algarve perdeu 10 mil milhões em receitas em seis anos, conta o DN, por causa do aumento do IVA na restauração e da redução dos gastos médios dos turistas. E o Porto será uma marca oficial, anunciou ontem o edil Rui Moreira, que sublinhou a “imagem feliz e leve” da marca “Porto”, que vai estar em T-shirts, sacos, almofadas, revistas e... latas de Coca-Cola.
Na Câmara de Lisboa, o tom subiu quando se falou dos incidentes no Marquês de Pombal, na festa do Benfica. Fernando Medina atacou duramente o vereador do PSD Fernando Prôa, que na semana passada responsabilizou o presidente da Câmara de Lisboa pelos incidentes. Nas palavras de Medina, Prôa é “o primeiro e o maior oportunista político da cidade”. O jornalista Paulo Paixão relata tudo, foi uma “rasgadinha”.
A fiscalização do Tribunal de Contas permitiu ao Estado poupar 150 milhões em 2014, através de redução de despesas, cancelamento de projetos ou multas, conta o Público. De 69 chumbos do TC, sete incidiram sobre obras contratadas pelo Estado.
Gorada a hipótese Teixeira dos Santos, é José Morgado o apontado para liderar o Montepio. O governador do Banco de Portugal já deu luz verde, garante o Negócios.
A PT SPGS vai processar a Deloitte, auditora da empresa até meados de 2014, e admite responsabilizar ex-administradores por causa dos investimentos ruinosos em papel comercial do Grupo Espírito Santo. Contamos a história aqui.
Foi uma das confusões da época: quem passa recibo verde é obrigado a entregar um anexo extra com o IRS, explica o Público. A Segurança Social assim o exige aos trabalhadores por conta de outrem e pensionistas. O Negócios debate: os especialistas dividem-se quando ao fundamento legal para esta nova exigência.
Há quatro alternativas para conseguir a sustentabilidade da Segurança Social: aumentar a idade da reforma, reduzir o valor das pensões a pagamento, reforçar as fontes de financiamento ou alargar a base contributiva. Esta é a ideia forte do documento “Ideias para Portugal”, da Câmara do Comércio, que vai ser hoje apresentado em Lisboa e que o Diário Económico antecipa. O diretor do jornal, Raul Vaz, pergunta: “Importam-se de explicar o buraco da Segurança Social?” Já no Observador, Fernando Ribeiro Mendes considera inadiáveis as reformas do Estado Social. Até porque “a fratura entre gerações ameaça a nossa coesão social”.
Acusações de corrupção no Hospital Santa Maria. Um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos divulgado ontem eapresentado hoje relançou a polémica. No Expresso Diário, Miguel Oliveira e Silva, que abandonou a direção clínica do maior hospital de Lisboa em fevereiro depois de revelar ilegalidades na compra de material clínico, estranha o silêncio da Inspeção da Saúde, que entretanto abriu uma investigação.
Em Espanha o pós-eleições continua agitado. Metade das capitais podem ficar nas mãos da esquerda, antecipa o El Pais. Já segundo o El Mundo, Rajoy vai renovar a cúpula dirigente do PP para sufocar a crise interna.
O Sevilha ganhou pela segunda vez consecutiva a Liga Europa. O triunfo lança “a escada para o pleno espanhol”, escreve o jornal i: a 6 de Junho, o Barcelona joga a final da Liga dos Campeões.
Já viu o vídeo de promoção de Baião, em que um casal passeia numa velhinha Renault 4L até se cruzar com um automóvel de rali? Falámos com os dois atores improvisados deste vídeo viral. Fatinha e Fernando: "Já parecemos o Guedes do skate".
FRASES
“Corrupção na FIFA já vem desde a primeira eleição de Blatter. Não pode meter a cabeça na areia como a avestruz”. Gilberto Madaíl, ex-dirigente de futebol, no Jornal de Notícias.
"Quem gostar de futebol, quem o sentir como eu sinto, tem de marcar o dia 29 de maio de 2015 como um dos piores dias da história da FIFA". Luís Figo, em comunicado.
“Tenho 500 filhos na Santa Casa da Misericórdia”. Pedro Santana Lopes, no Diário de Notícias.
O QUE EU ANDO A LER
A Feira do Livro de Lisboa abre hoje as portas com 123 participantes (mais 23 que no ano passado), que quererão atenuar a quebra de vendas acumulada no início deste ano. Um dos acontecimentos que vão marcar a feira, como explica o jornalista José Mário Silva, será a reedição de quatro livros essenciais de José Cardoso Pires, agora com a chancela da Relógio d’Água: “O Delfim”, “Balada da Praia dos Cães”, “O Anjo Ancorado” e “De Profundis, Valsa Lenta”. Que seja “O Delfim”, então, a recomendação de hoje: um romance notável do final dos anos 60 que, sabe-se lá como, a censura deixou publicar, e que faz um retrato de um Portugal tomado pela tacanhez salazarista de uma sociedade lúgubre e atrofiada pela desigualdade e pelo poder de uma fidalguia endinheirada.
Até já, nós estamos aqui no Expresso a todas as horas. E que este seja um dia em grande para si.
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