"Para Viviane Senna, sistema educacional atual prepara alunos para mundo 'que não existe mais'.
A psicóloga Viviane Senna poderia ser conhecida apenas por ser a irmã
do piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna, morto em maio de 1994. O trabalho
que vem realizando há duas décadas à frente do instituto que leva o nome
do irmão, porém, fez com que também se tornasse uma das figuras mais
proeminentes no debate sobre educação no Brasil.
O Instituto Ayrton Senna (IAS) foi idealizado pelo piloto, mas só saiu
do papel após sua morte, em novembro de 1994, quando sua família cedeu à
entidade os direitos sobre a imagem de Senna. Desde então, vem atuando
em projetos para melhorar a eficiência de instituições de ensino em todo
o país, organizando desde programas de reforço escolar e capacitação de
professores até sistemas de gestão de recursos.
Seus projetos atendem a cerca de 2 milhões de crianças a cada ano,
sendo em parte financiados pelo licenciamento de produtos da grife Senna
- que vão de capas de smartphone a macarrões instantâneos, relógios e
artigos de papelaria.
No mês passado, o instituto abriu uma nova seara de atuação com a
inauguração do chamado "Edulab21", um laboratório de inovação dedicado a
produção e disseminação de pesquisas científicas que possam contribuir
para a formulação de políticas públicas para a educação.
Entre seus integrantes e colaboradores estão o economista Ricardo Paes
de Barros, um dos arquitetos do programa Bolsa Família (agora no IAS), o
economista Daniel Santos, da USP, e os psicólogos Filip de Fruyt, da
Universidade de Ghent, Oliver John, da Universidade da Califórnia, e
Ricardo Primi, da Universidade de São Francisco.
"A ideia é gerar e disseminar conhecimentos que possam ajudar a levar o
século 21 para dentro da escola", explica Viviane. Em uma cerimônia
para promover a iniciativa, a psicóloga explicou para a BBC Brasil por que acredita que o sistema educacional parou no século 19 e o que é preciso fazer para resolver esse problema.
Marisa Caduro/Folhapress A criança não pode apenas decorar conceitos ou receber informações do professor. Precisa desenvolver um pensamento crítico e um raciocínio lógico aguçado, desenvolver sua capacidade de inovar, ser criativa e flexível e de resolver problemas
Confira:
BBC Brasil - Por que a senhora diz que a escola está ficando para trás?
Viviane Senna - Se pudéssemos transportar um cirurgião
do século 19 para um hospital de hoje, ele não teria ideia do que
fazer. O mesmo vale para um operador da bolsa ou até para um piloto de
avião do século passado. Não saberiam que botão apertar. Mas se o
indivíduo transportado fosse um professor, encontraria na sala de aula
deste século a mesma lousa, os mesmos alunos enfileirados. Saberia
exatamente o que fazer. A escola parece impermeável às décadas de
revolução científica e tecnológica que provocaram grandes mudanças em
nosso dia a dia. Ficou parada no tempo, preparando os alunos para um
mundo que não existe mais.
BBC Brasil - O que há de tão errado com a educação hoje?
Viviane Senna - Um dos problemas é que o professor não
tem a menor chance de ser a "fonte do conhecimento", com o conhecimento
se multiplicando de forma exponencial, em questão de segundos. Até o
século passado, uma descoberta revolucionária demorava décadas para
acontecer. Hoje, temos uma grande inovação a cada cinco anos. Só neste
ano a previsão é de que sejam produzidos mais conhecimentos e
informações do que nos últimos 5 mil anos. Na prática, isso significa
que se um aluno começa um curso técnico de quatro anos, por exemplo,
quando chega ao terceiro ano, metade do que aprendeu no primeiro já está
defasado."
se estiver interessado pode ler o resto da entrevista... aqui.
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