De dia para dia, são mais os professores em greve
O
“Exame Cambridge” nasceu mal e dificilmente se corrigirá. No ano
passado, a participação dos professores era voluntária e dada a sua
insuficiente adesão, o MEC decidiu torná-la obrigatória este ano.
Passando por cima de qualquer outro interesse, nomeadamente o dos
alunos, os professores foram retirados das aulas, dos apoios, das
substituições, da coadjuvação e de outras atividades que desenvolvem nas
escolas e “convocados” para formação presencial. De seguida, foi-lhes
enviada uma password para acederem a uma plataforma informática onde
teriam de realizar um infindável número de exercícios. Por fim, durante
várias semanas, estavam obrigados a deslocarem-se a outras escolas para
realizarem as provas orais aos alunos do 9.º ano e de outros anos, neste
caso, por participação voluntária. Saliente-se que algumas provas orais
estão a ser marcadas na componente letiva dos professores e/ou em
horário de aulas dos alunos, como são exemplos os Agrupamentos de
Escolas de Aguiar da Beira, ou Cândido Figueiredo, em Tondela.
Recorda-se que esta prova foi estabelecida em 13 de setembro de 2013,
através de protocolo então divulgado e que envolveu diversas entidades
privadas, dois dias depois de o MEC ter criado, por despacho, um teste
diagnóstico (com componente escrita e oral) a todos os alunos do 9.º ano
que, por coincidência, dois dias depois foi aproveitado pelo consórcio
que assinou o protocolo para também ser a prova que permitiria a
certificação pela Cambridge.
Professores, instalações escolares e dinheiro público foram colocados
à disposição deste processo de forma que a FENPROF considera abusiva.
Apanhados de surpresa, os professores, num primeiro momento,
compareceram no processo, mas, aos poucos, foram percebendo o abuso a
que estavam a ser sujeitos e nem as ameaças que, em alguns casos, sobre
si se abateram, os fizeram hesitar: aderiram à greve a toda a atividade
relacionada com este processo, colocando acima de qualquer outro
interesse o dos seus alunos e o das suas escolas.
Face à adesão dos professores à greve, algumas escolas começaram a
convocar docentes que não realizaram a formação e o MEC alargou o
período de realização das provas orais por mais duas semanas, mas, à
medida que o tempo passa, e descontentes com a sobrecarga de trabalho
que se vai acumulando sobre quem ainda estava envolvido no processo, são
cada vez mais os professores em greve a esta atividade, incluindo
alguns que coordenavam o processo nas suas escolas.
Os exemplos surgem um pouco de todo o país: não se realizaram provas
orais em Aveiro, na Escola Dr. Jaime Magalhães Lima; em Braga, na Escola
Básica do Arco de Baúlhe; na Covilhã, na Escola Básica
de Tortosendo; em Gouveia, na Escola Secundária de Gouveia e na Escola
Básica de Vila Nova de Tazem; em Lisboa, no Agrupamento de Escolas
António Damásio; em Almada, nos Agrupamentos de Escolas Anselmo de
Andrade e Emídio Navarro; em Oeiras, na escola Secundária Luis de
Freitas Branco; no Agrupamento de Escolas de Oliveira do Hospital, na
Escola da Ponte das Três Entradas; em Viseu, no Agrupamento de Escolas
Viseu Norte, na Escola Básica N.º 3 de Mundão e na Escola Secundária de
Viriato, só para citar alguns exemplos. Na Escola Básica Joaquim de
Barros, em Oeiras, são os alunos que têm faltado às sessões (cerca de
20% por sessão).
Acresce que, apesar de haver um número significativo de professores
de Inglês em greve às atividades relacionadas com este processo, muitas
provas orais têm sido realizadas à custa dos professores do ensino
privado, que são muito pressionados pelas entidades patronais, e da
acumulação de trabalho sobre os professores do ensino público que ainda
não aderiram a esta greve.
Entretanto, no próximo dia 6 de maio, quarta-feira,
de tarde, terá lugar a componente escrita desta prova. Para este dia
estão convocados professores de Inglês (secretariado) e de outras
disciplinas (vigilâncias). A greve abrange todos os docentes, de Inglês
ou não, convocados para esta componente escrita.
Uma última nota para referir que a FENPROF entregará na Polícia
Judiciária, na quarta-feira (dia 6, pelas 15 horas, à hora de realização
da componente escrita), um dossiê com novos documentos que irão
juntar-se aos que já anteriormente tinham sido apresentados na
Procuradoria-Geral da República.
O Secretariado Nacional da FENPROF
4/05/2015
4/05/2015
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