"Não há aulas de Inglês porque o professor foi trabalhar de borla para o privado...
Grande deve ser a contrapartida para o MEC, entidade que deverá assegurar o direito às aulas por parte dos alunos, para ter desviado professores de Inglês, em todo o país, para frequentarem formação promovida pela empresa Cambridge. Aulas foram anuladas e testes adiados porque os professores foram emprestados pelo MEC ao privado.
Nuno Crato afirma-se, assim, como o dirigente máximo de um serviço que, desde o início do ano, com a incompetência revelada na colocação de professores, mais prejudicou as escolas, os professores e os alunos, razão por que, há muito, a FENPROF reclama a demissão deste ministro de baixa valia.
Como habitualmente, quem assume em todo este processo, mais uma vez, o papel de dono dos professores e dos diretores das escolas é o IAVE e o seu presidente. Este senhor arroga-se no direito de ordenar aos diretores que nomeiem os professores que irão servir os interesses da empresa Cambridge e obriga-os a, durante dois dias, frequentarem formação para poderem ser corretores das provas daquela empresa.
Este senhor que preside ao IAVE é o mesmo, recorde-se, que obriga os professores e as escolas a envolverem-se em tarefas que não são função sua. É o caso desta atividade ao serviço da empresa Cambridge, mas é, igualmente, o trabalho que lhes impõe para a realização da abjeta PACC que, ainda este mês de março, o MEC pretende voltar a realizar.
Os professores têm mais que fazer, muito mais, que andarem a perder o seu tempo com este tipo de trabalho que não é parte integrante do conteúdo funcional da sua profissão. Os professores têm de trabalhar com os seus alunos e para as suas escolas, mas isso é permanentemente dificultado pelo ministério que Nuno Crato, aparentemente, dirige e em que o presidente do IAVE, a par de mais uns quantos, tem um poder absolutamente anormal.
Face a esta situação que só durante os dias de ontem e véspera, foi do conhecimento dos professores, a FENPROF:
- Vai reforçar a queixa que deu origem à abertura de um processo na PGR, apresentando estes novos elementos;
- Vai apresentar queixa junto do Senhor Provedor de Justiça e dos grupos parlamentares;
- Vai apresentar queixa junto da Entidade Reguladora para a Concorrência, pois o MEC privilegia uma empresa privada sem que se conheça ter existido qualquer concurso público para este tipo de iniciativa;
- Vai apresentar queixa junto da Comissão para a Proteção de Dados, para que se investigue se o MEC forneceu à empresa privada Cambridge a identificação de professores das escolas que tutela, sem que estes tenham autorizado;
- Vai, em todo o país, informar nos próprios locais em que a dita formação decorre, os direitos dos professores, nomeadamente o de reclamarem do seu envolvimento num processo cujos contornos não são claros e do qual discordam. Nesse sentido, serão distribuídas minutas que já se encontram no site da FENPROF e manifestar disponibilidade para apoiar os professores que, por este motivo, pretendam recorrer aos tribunais;
- Irá reunir com as associações de professores de Inglês.
A FENPROF reafirma que se torna indispensável conhecer quais as contrapartidas que existem, e quem delas usufrui, neste processo estranho em que o governo coloca os seus trabalhadores ao serviço de interesses privados.
É necessário notar que, para além de terem de frequentar esta formação – pelos vistos, as licenciaturas, mestrados e doutoramentos dos professores não servem, é necessário submetê-los a esta “PACC” –, os professores já foram usados para divulgar propaganda a este respeito, para angariarem alunos e serão usados para a vigilância das provas, para a realização de provas orais, em alguns casos tendo de circular entre diversas escolas e para a classificação dos alunos. É um abuso e é, acima de tudo, uma vergonha!"
O Secretariado Nacional da FENPROF
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