sábado, 8 de agosto de 2015

a actualidade do dia-a-dia, nas escolhas do editor...

José Cardoso
POR José Cardoso
Editor Adjunto



As escolhas do editor 


Bom dia, 

Nas escolhas do editor de alguns dos artigos que fomos publicando no Expresso Diário ao longo da semana começo por uma história única de fé, de esperança, de perseverança, de superação: a de Rúben, jovem algarvio de 14 anos, que 45 hospitais de todo o mundo se recusaram a operar, por ter 5% de hipóteses de sobreviver; e também da equipa médica que acreditou e acabou por o salvar; e também da mãe de Rúben, Ana Raquel, que vive há um ano sentada no cadeirão do quarto do Santa Maria onde o filho recupera. Vai receber uma prótese especial, recuperar em Alcoitão e sonha ter uma vida normal. Esta história foi a manchete de quinta-feira do Diário, mas é apenas uma das várias que fazem parte de um artigo maior que publicamos hoje na Revista E, sobre pessoas que abandonaram tudo para cuidar de um familiar com problemas (e tem assim o caro leitor mais um motivo para comprar a edição em papel deste sábado, até porque a Revista E traz na capa o habitual código que lhe permite ler toda a oferta digital do Expresso durante toda a semana).

Histórias de esperança e de perseverança são também aquelas de que são protagonistas os milhares de migrantes que, na região francesa de Calais, aguardam, por vezes há longos meses, por uma oportunidade de poderem furar a segurança e conseguirem chegar à Grã-Bretanha, através do canal da Mancha. O nosso correspondente em Paris, Daniel Ribeiro, andou esta semana por lá e conta o que viu e ouviu. “São seres humanos, fogem da miséria e de guerras, a França deveria fazer qualquer coisa por eles", disseram-lhe agricultores franceses da zona, nada contentes com as novas vedações e os arames farpados.

De Calais passo para o Mar Negro e um exclusivo Expresso. Uma das duas forças de navios escoltadores da NATO é chefiada até ao Natal por Portugal – mais propriamente pelo contra-almirante Silvestre Correia. A primeira missão acaba de ser cumprida no Mar Negro, onde foram efetuados exercícios navais com as marinhas de vários países do ex-Leste. O Expresso esteve a bordo do navio-almirante, a fragata D. Francisco de Almeida, e fez um diário de bordo. A mais de 5 mil kms de Lisboa, contamos como é o dia a dia no mar, com as suas rotinas, os seus procedimentos, as dificuldades por vezes difíceis de imaginar por quem não seja marinheiro. E, de binóculos apontados ao horizonte, na ponte, ou de olhos assestados no radar, não foi nada difícil – antes pelo contrário – dar pela presença de navios ou aviões que não eram da NATO mas estavam muito curiosos por não perder pitada do que se estava a passar por aquelas paragens. Afinal, aquelas são águas que banham a grande mãe Rússia e a sensível península da Crimeia, que Moscovo anexou no ano passado à Ucrânia.

Passo para o perfil de Carlos Gouveia de Mello. Não sabe quem é? Foi um dos nomes (Daniel foi outro) usado noutros tempos por José Dirceu, o outrora todo-poderoso homem da “máquina” do Partido dos Trabalhadores (PT) e braço direito do ex-Presidente Lula da Silva. Quem é este político, que foi preso na segunda-feira por corrupção, num caso cujos tentáculos também atravessam o Atlântico e pairam sobre Portugal? Dirceu lutou contra a ditadura, esteve preso, viveu no exílio, fez plásticas para mudar de rosto. Foi, como o próprio disse um dia, um “anfíbio”, que com a implantação da democracia foi subindo a escadaria do poder. Foi nº 2 de Lula, e só não lhe sucedeu porque… Esteve envolvido no escândalo Mensalão, o financiamento ilegal do PT, agora foi derrubado pelos jatos de outro, o Lava Jato. A sua vida é tão ou mais rica do que os enredos de muitas telenovelas da Globo.

Nestas escolhas incluo ainda dois temas que são balanços (sim, têm muitos números, mas são bem interessantes, como explicarei mais à frente).

O primeiro tem a ver com ensino e exames. Sei que agosto é sinónimo de férias. Mas com os resultados dos exames a saírem, os professores a serem colocados e muitos pais a pensarem já na próxima compra dos livros escolares (que, para não variar, estão de novo mais caros) e no regresso dos filhos às aulas ganha nova pertinência a leitura do artigo “Alunos do público chumbam até quatro vezes mais do que os do privado”. O Expresso Diário pegou no relatório Educação em Números 2015 e “descascou-o”, mostrando-lhe alguns dados curiosos (sabia que a maior diferença entre chumbos no público e no privado é logo no 2º ano, 11,4% contra 2,6%?) numa interessante radiografia do ensino em Portugal. A conclusão é que os jovens têm mais anos de estudo mas há menos alunos, menos professores e menos escolas.

O segundo é sobre política (sim, sei que agosto é sinónimo de férias, mas…). Com a pré-campanha eleitoral a aquecer e as tricas sobre quem entra, quem sai, quem devia estar e não está, etc. etc. nas listas de candidatos a deputados a não darem tréguas estivais, outro artigo desta semana cuja leitura pode ser interessante é sobre o que andaram a fazer durante quatro anos os deputados que agora terminam o mandato. Fique a saber, por exemplo, que nesta legislatura foram aprovadas 337 leis, que houve 11800 perguntas (mas só 7800 respostas…) no Parlamento, 12 comissões, que fizeram 3.593 reuniões e 2.193 audições, etc. etc. Duas notas mais gerais: os partidos mais prolíficos na apresentação de projetos de lei foram o PCP e o Bloco de Esquerda; só as iniciativas legislativas do último ano parlamentar representa 38% do total dos quatro anos.

Ainda relacionado com política (a do nosso futuro próximo), já agora leia também o artigo que publicámos na edição de quinta-feira sobre o que diz o mais recente relatório do Fundo Monetário Internacional relativamente a Portugal. Uma das previsões é que, seja qual for o próximo primeiro-ministro, o crescimento económico vai abrandar no próximo ciclo político e, venha quem vier, o melhor é retomar o programa de reformas. Mais: pode ser preciso “adiar ou cancelar extinção da sobretaxa de IRS”.

Por último, repesco um trabalho que publicámos no Diário de ontem, sobre o último alfaiate do Chiado. Chama-se João Ribeiro, já vestiu Mário Soares e ainda veste o atual secretário de Estado do Turismo, e faz fatos há mais de 50 anos. É um dos derradeiros resistentes de um ofício em vias de extinção. Além da prosa, publicamos um portefólio com pormenores da sua arte.

Por hoje é tudo de Diário, tenha um excelente fim de semana e…

…não se esqueça que hoje é dia de semanário, com mais (e novas) notícias e com a Revista E, em cuja capa vem o código com o qual poderá ler o Expresso Diário durante toda a semana


eu seleccionei estas:


Alunos do público chumbam até quatro vezes mais do que os do privado POR ISABEL LEIRIA
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337 leis, 11800 perguntas, 7800 respostas. Os números da última legislatura POR RAQUEL ALBUQUERQUE
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FMI alerta. Crescimento vai abrandar no próximo ciclo político, reformas têm de ser retomadas TEXTO DE JORGE NASCIMENTO RODRIGUES
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O último alfaiate do Chiado POR NELSON MARQUES
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