no expresso diário...
"Surreal não é uma palavra que se ouça com frequência de analistas financeiros. E quando se ouve, não é por boas razões. Assim foi hoje. “Surreal” foi a conferência com analistas marcada para hoje pelo Banco Espírito Santo. As ações caíam mais 8% de manhã. Marcou-se a conferência para as 15:30 para conter os estragos. Terminou. As ações caíram ainda mais: fecharam o dia a desvalorizar 16,5%. E assim acabou junho, com as ações a valerem menos 39,6%% que no início do mês.
São os efeitos da crise no Grupo Espírito Santo, que se refletem na cotação do BES dia após dia. Neste momento, o BES já vale menos que o BCP. E desceu a fasquia da capitalização bolsista dos quatro mil milhões de euros.
A conferência de analistas foi detalhada só depois do almoço, com apenas uma hora de antecedência, o que é bastante invulgar. Uma conferência de analistas é um “telefonema coletivo”, em que de um lado estão representantes de uma empresa cotada que esclarecem, do outro lado, analistas nacionais e estrangeiros de casas de investimento. Amílcar Morais Pires e Joaquim Goes entraram pouco depois das 15:30 e limitaram-se a fazer uma declaração cada um, sem direito a perguntas. No final, o Expresso contactou diversos analistas que ouviram a conferência e que estavam estupefactos com o fato de a conferência ter sido pouco esclarecedora e não ter direito a perguntas. “Se era para isto bastava terem emitido um comunicado”, afirmou um desses analistas. Logo depois, as ações agravaram a sua perda e fecharam em forte desvalorização.
Exposição de clientes de retalho à holding caiu para €651 milhões
A exposição dos clientes de retalho do Banco Espírito Santo à dívida do Grupo Espírito Santo é de 651 milhões de euros, à data de hoje. No fim de Dezembro de 2013 era 2,1 mil milhões de euros. Esta foi uma das informações que o banco deu hoje na incomum conferência telefónica com analistas nacionais e estrangeiros.
O BES está envolto em polémica e as ações afundaram hoje de novo em Bolsa (16,5%) para 0,602 euros, abaixo do valor das ações emitidas no aumento de capital (0,65 euros) devido às incertezas sobre a futura liderança do banco e irregularidades em holdings ligadas à família. Notícias sobre problemas no BES Angola vieram adensar ainda mais o período conturbado que o BES vive. Também as ações do Espírito Santo Financial Group (ESFG) caíram hoje 19% para 1,4 euros. O grupo já só vale 270 milhões de euros em Bolsa.
Segundo afirmou Joaquim Goes na conferência, “a exposição dos clientes de retalho do BES, à data de hoje, à dívida do GES é de 651 milhões de euros contra 2,1 mil milhões no final de Dezembro de 2013”. “Mostra claramente uma redução”, disse.
A exposição dos clientes institucionais é de 1,5 mil milhões de euros contra 1,94 mil milhões de euros.
“Quanto à exposição do balanço do BES à Espírito Santo, o BES não tem exposição direta”.
Sobre a reorganização do GES, Goes adiantou que o plano de reorganização “inclui um reforço de capital e venda de ativos e outras medidas” que “deverão ser conhecidas nos próximos dias”.
Parte da garantia angolana ativada em 2014
Sobre o BES Angola, Amílcar Morais Pires explicou que a subsidiária detida em 55% pelo BES tinha, no final de março, ativos totais de 8,4 mil milhões de euros,’ equity’ de 1,2 mil milhões de euros, empréstimos brutos de 6 mil milhões de euros e depósitos de 2,8 mil milhões de euros.
“O BES recebeu uma garantia soberana sobre 5,7 mil milhões de dólares de empréstimos, ou 4,2 mil milhões de euros”, explicou Goes. Frisou que se trata “de empréstimos identificados e que apenas representam 70% do portfólio de crédito” do BESA. “Não é uma garantia geral. É sobre empréstimos identificados. A lista de empréstimos tem execution triggers”. E “essa execução implica a emissão de dívida pública”, disse.
“A nossa expectativa é que possa ser executada parte da garantia na segunda metade de 2014”. Disse ainda que o BESA tem uma quota de mercado de 20% do crédito em Angola."
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