Quem foi o burro que deu o canudo aos professores burros?
por PEDRO TADEU
Ontem
"Se eu acreditar
no ministro da Educação (acreditar em Nuno Crato é difícil...) parece
que na prova de avaliação de 2.490 professores (0,14% do universo total
dos professores do ensino público) houve quem desse "20 erros numa
frase". Vamos admitir a veracidade da informação e a conclusão
implícita: há professores burros a dar aulas. Nem vou discutir isso, vou
apenas perguntar: "se é assim, quem foi o burro que lhes deu o canudo
para serem professores?"
Os examinados tinham todos menos de cinco
anos de profissão pelo que a certificação do curso que lhes validou a
habilitação para a docência só pode ter acontecido com Maria de Lurdes
Rodrigues ou com o próprio Nuno Crato.
É estranhíssimo que o ar de
tragédia nacional com que o ministro comentou os resultados de uma
prova cujo enunciado, como já foi demonstrado por inúmeros analistas,
era um verdadeiro desastre, não tenha sido acompanhado pelo anúncio de
uma reforma, um inquérito, uma simples análise ao sistema de formação de
professores, a questão que é aqui essencial.
Porque interessa ao
ministro fazer provas que "chumbam" professores em vez de, nas Escolas
Superiores de Educação, fazer travar o escoamento para a docência dos
incapazes?
Em 2008, quando começou a crise financeira, Portugal
tinha, do ensino pré-escolar até ao superior, um total de 211.299
professores. Em 2013, segundo os últimos dados do Pordata, contava
183.839 professores.
Em 2008 havia 1.762.540 de alunos no ensino
público e 422.331 no privado. Em 2013 esses valores baixaram para
1.731.329 no público e 408.648 no privado.
A queda no número de
professores no ensino público foi, nesse período, de 13,9%. O ensino
privado passou a ter menos 7,6% de docentes.
Deveu-se isto à falta de alunos? Não: a queda do número de alunos no ensino público foi apenas de 1,8% e no privado foi 3,2%.
Se
quisermos afinar os números para o momento da entrada da troika em
Portugal, em 2011, teremos uma queda de 13,4% na quantidade de
professores do ensino público e de 12,39% no ensino privado.
Nos
estudantes esses valores desceram apenas 6,73% para o ensino público
mas, para o ensino privado, atingiram 15,8%. Mesmo assim, as escolas
privadas despediram menos professores, em percentagem, do que o Estado.
Conclusão:
melhorar a formação dos professores de forma a impedir que os "burros"
possam ensinar, não interessa. Interessa é deixá-los entrar no sistema
para acabar de vez com o prestígio da profissão docente e ganhar os
líderes de opinião para o processo, em curso, de destruição do ensino
público... Há outra explicação possível para tanta asneira?"
no dn 'online'... aqui.
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