terça-feira, 1 de março de 2016

safanões, carolos, palmadas, beliscões e quejandos...?

Resultados da Sondagem | Acha aceitável um professor dar uma palmada a um aluno?

by Alexandre Henriques


Ficam os resultados da maior sondagem ComRegras até à data e a análise do Paulo Guinote.
Sondagem Palmada
Votos: 3073 | Sim: 1625 | Não: 1448

A Palmada Pedagógica


Paulo GuinoteHá um par de semanas, em Tondela, assisti a duas conferências de dois psicólogos, Javier Urra e Paulo Sargento, que trataram temas próximos deste, com perspectivas que considero algo diferentes, apesar das visões serem, pelo menos em teoria, próximas na defesa da necessidade de traçar limites às crianças e as fazer perceber os limites para as suas acções e o que está errado. No caso, estava mais em questão o papel dos pais e a sua relação com os filhos. No entanto, Paulo Sargento usou aquela estratégia típica de procurar provocar a audiência com uma questão polémica – “quem concorda com a palmada pedagógica?” - encorajando a resposta sincera, como se nenhuma fosse criticável e incentivando mesmo que as pessoas assumissem o “sim”, para depois dizer-lhes que estão erradas e que “palmada” e “pedagógica” são palavras nunca podem estar juntas na mesma expressão.
Eu discordo.
Como pai. Como pai, acho que numa fase inicial da vida a aprendizagem de alguns limites e fronteiras com o perigo nem sempre se consegue fazer com argumentos racionais, explicações carinhosas. Algumas vezes, o perigo e a urgência exigem algo mais, mesmo que politicamente incorrecto. Em termos biológicos, a dor é sinal que algo está errado no corpo. Não defendo a dor extrema, sequer grave, mas a tal “palmada” é “pedagógica” exactamente quando funciona como “aviso” apropriado, sem excessos na intensidade e muito menos na frequência. Seria um mentiroso e hipócrita se afirmasse que a não usei. E com resultados práticos, quase apagados da memória de quem a recebeu, mas que conduziram a alteração de condutas. Claro que poderá existir quem queira daqui extrapolar que eu defendo qualquer princípio fundamental relacionado com o valor da violência física, mas não é disso que estou a falar.
Agora como professor.
Não aceito que a aprendizagem seja feita sob coacção física ou que o erro seja corrigido na base da palmatória como foi prática dominante durante muito tempo. A aprendizagem forçada pelo medo até pode funcionar mas assisti demasiado de perto, enquanto aluno, aos bloqueios criados pelo terror da reguada por erro ortográfico. Barbaridades que nada tinham de pedagógico. Há gente que nunca deveria ter podido continuar a dar aulas depois do que fez. Mas provavelmente tornaram-se mentoras, orientadoras de estágio, gente com prestígio e sabedoria para dar e vender.
Dito isto, não posso deixar de afirmar que uma coisa é usar coacção e violência física para “ensinar”, o que é completamente inaceitável e outra é estar-se completamente indefes@ perante agressões continuadas, de desrespeito e provocação verbal até à própria ameaça e coacção física, como acontece com mais docentes do que linhas SOS registam quando alguma organização precisa de anunciar qualquer coisa para a comunicação social. Aqui não se trata de qualquer relação com pedagogia mas apenas de auto-defesa, sobrevivência pura.
Palmada pedagógica? Não.
Cívica? Talvez.
Se isto responde à questão da sondagem desta semana? Provavelmente, não.

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