domingo, 15 de junho de 2014

é sempre bom estar [bem!] preparado...


no observador...

"São quase 159 mil alunos inscritos para os exames nacionais do ensino secundário de 2014, segundo o Ministério da Educação e Ciência. São quase 159 mil os que, por estes dias, andarão agarrados aos livros, a tentar antecipar perguntas, respostas e problemas. Para os alunos do secundário, o momento decisivo, que ajuda a definir o futuro académico de tantos, está a chegar. A época mais temida pelos estudantes começa a 17 de junho com o exame de Filosofia, para os 10 e 11º anos. Para os do 12º, a prova de português acontece a 18 e as de matemática (A e B) chegam no dia 26  de junho. Isto na primeira fase.

Nos dias que antecedem o derradeiro “confronto”, o ideal é fazer um planeamento para cada um dos exames (se ainda for a tempo). Fazer um horário de estudo não implica passar muito tempo de volta de uma matéria em particular, o importante é respeitar as horas e garantir que estas sejam de qualidade. Quem o diz é Tiago Almeida, que ensina psicologia de aprendizagem e desenvolvimento na Escola Superior de Educação de Lisboa. Além disso, é sócio de um centro de estudos que é procurado por alguns adolescentes em época de preparação para os exames.

Fazer exames de anos anteriores é importante para perceber dois aspectos fundamentais: quanto tempo se demora a executar a tarefa, numa simulação real, e definir quais os conteúdos e o tipo de perguntas onde existem mais dificuldades. “É investir onde se tem mais dificuldade”, explica Tiago Almeida ao Observador. Quando a estudar, a compreensão deve vir antes da memorização, até porque os estudantes seguem mais preparados tendo a capacidade de raciocínio. Não basta repetir exercícios.
É importante o apoio dos pais, a quem cabe o papel de não sobrevalorizar os exames que, sendo importantes, não se sobrepõem ao que foi feito ao longo do ano.
No dia anterior à prova, o descanso é rei. “Quando estudamos na véspera podemos ter dúvidas de última hora que resultam em insegurança. Os nervos já começam a falar”, diz, não descurando, porém, a possibilidade de realizar-se uma revisão final pela manhã. Tiago, que no dia a seguir à entrevista ia participar num triatlo, compara: “É como um atleta de alta competição, um treino ligeiro equivale a uma leitura na diagonal”.

O professor e psicólogo salienta ainda uma tendência emergente nos jovens com idades compreendidas entre os 17 e os 19 anos. Não são dados científicos, como faz questão de referir, mas uma questão de olho. A ansiedade vivida por muitos dos alunos prende-se com o futuro. Querem ter notas altas para poderem escolher os cursos que pensam ser melhores. “É uma pressão que é autoimposta. Parece que procuram melhores condições de vida através do trabalho”. Perante esta situação, torna-se importante balizar as expetativas, mas também ajudá-los a confiar no conhecimento já adquirido, sem esquecer de mencionar que “dias maus todos têm”.

“Os nervos são muito individuais”, pelo que é importante o apoio dos pais, a quem cabe o papel de não sobrevalorizar os exames que, sendo importantes, não se sobrepõem ao que foi feito ao longo do ano. “Se não der à primeira, há sempre uma segunda oportunidade. Não é bom que os alunos sintam que levam nos ombros o peso da expetativa dos pais”. Frases como “és capaz” ou “tu consegues” podem acrescentar pressão sobre os filhos. E que tipo de discurso aconselha Tiago Almeida? “É um dia, um reflexo do que trabalhaste no secundário. Não serás nem pior nem melhor”.

Conselhos de quem ensina

Conceição Pereira é professora de português na Escola Secundária Professor José Augusto Lucas, em Linda-a-Velha. Está a completar 30 anos de carreira e, desde 2008, é classificadora de exames do 12º ano. É direta e certeira nas coisas que diz e começa por argumentar que “o português não é uma disciplina que se adquira a estudar no último instante”. Para ela, os alunos têm mais dificuldades em gramática e, felizmente, este é um assunto sobre o qual ainda é possível melhorar ao fazer revisões gerais.

Por partes. O exame de português, que engloba matéria do 11 e do 12º ano, tem vários grupos. Um primeiro é composto pelo excerto de um texto ou poema de um autor estudado e também por um comentário sobre matéria literária. Seguem-se exercícios de gramática em contexto e, no final, é exigida a escrita de um texto argumentativo, para o qual é preciso ter cultura. “Os temas nem sempre são fáceis, é preciso conhecimento do que se passa à nossa volta. Mesmo que se escreva razoavelmente, é importante ter ideias”.

Conceição explica que o exame é longo, pelo que é preciso ter o tempo muito bem controlado, até porque poder rever a prova é um importante passo. Além disso, é fundamental ler com atenção as instruções. “Por vezes, não leem com a devida atenção e respondem ao que ‘parece’ que lá está”. Outro ponto a ter em conta é a correção linguística, à qual cabe uma determinada percentagem por pergunta. É certo que varia entre questões, mas, feitas as contas, poderá pesar no resultado final. Todo o cuidado é pouco.
Vale a pena sublinhar as palavras importantes do enunciado, não perder muito tempo com as perguntas ditas difíceis e ter em conta que o exame apenas termina com a palavra impressa “fim”.
A professora de português deixa um último aviso: “Os telemóveis são completamente proibidos. Na sala não podem haver telefones, nem mesmo desligados”. Isto aplica-se a todos os exames.

Das palavras para as contas: Alzira Santos e Maria Lurdes Gonçalves trabalham no 12º ano de matemática, na Escola Secundária de Amato Lusitano, em Castelo Branco. Enquanto colegas de profissão, optaram por responder em conjunto ao Observador. Defendem que a matemática tem duas partes, isto é, o conhecimento e a respetiva aplicação. Sendo a teoria a primeira etapa, aconselham, de seguida, que sejam estudados os exercícios realizados em aula. Como material de apoio sugerem as páginas da Sociedade Portuguesa de Matemática e da Associação de Professores de Matemática, bem como o site mat.absolutamente.net.

Para elas, vale a pena sublinhar as palavras importantes do enunciado, não perder muito tempo com as perguntas ditas difíceis (isto é, fazer primeiro as questões consideradas mais fáceis) e ter em conta que o exame apenas termina com a palavra impressa “fim”, não vão os espaços em branco, entre as perguntas, confundir os alunos. As duas professoras sugerem também que é importante dormir bem na véspera da prova e que, antes de entrar na sala/”campo de batalha”, deve-se comer bem. O chocolate é uma boa opção para dar energia.

A nota geral, comum a todos os entrevistados, passa pela autoconfiança e pela consciência de que é praticamente impossível saber-se tudo."


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