no observador...
"José Morgado, professor no departamento de psicologia da educação no
Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), considera que um
momento de exame, com a sua “liturgia própria” – a proibição do uso de
telemóveis e de certos materiais escolares e, em alguns casos, a
deslocação para outra escola – retira as crianças das rotinas normais e
isso pode ser “destabilizador”. Mas, de acordo com o psicólogo, para
além dos exames em si, existe muitas vezes por parte dos pais e
professores uma “excessiva pressão relativamente aos resultados
escolares”. Nem todas as crianças lidam da mesma forma com esta
exigência de excelência e, em alguns casos, a pressão pode provocar uma
grande ansiedade junto dos mais novos.
O psicólogo defende que alguma ansiedade “é normal e desejável porque
nos mantém concentrados”, mas um “excesso de ansiedade” pode ser um
problema porque é “inibidor”, cria stress e tensão, afeta a
auto-confiança e pode prejudicar o desempenho da criança, diz José
Morgado. Em casos extremos, pode provocar bloqueios – as chamadas
“brancas”.
Para evitar estas situações, José Morgado deixa alguns conselhos aos pais em vésperas do exame de matemática:
1. Alivie a pressão
Se sentir que o seu filho está demasiado nervoso, tente desdramatizar.
Pode dizer-lhe: “Ficamos contentes que faças o esforço, mas às vezes
esforçamo-nos e não corre bem”.
2. Ajuste as expectativas
É necessário olhar para o trajeto escolar do seu filho e perceber aquilo
que ele pode esperar em termos de resultados. Como explica José
Morgado, “um pai pode ter um filho que é um aluno médio e continuar a
fazer um discurso sobre a excelência, o que pode gerar ansiedade” junto
da criança. Se for este o caso, ajuste as expectativas. Incentive o
melhor resultado possível, mas não cobre. Diga-lhe que é bom que ele
queira melhorar, mas valorize as notas que ele tem no momento.
3. Mostre que está preocupado
Não diga frases como: “Não te preocupes…”. Segundo o psicólogo, uma
atitude despreocupada por parte dos pais não é a melhor solução. As
crianças vão perceber que é uma postura falsa, diz José Morgado. É
saudável e desejável que os pais se importem com a avaliação dos filhos e
estes precisam de sentir que os pais estão preocupados.
4. Fale com o seu filho
Pergunte-lhe o que é que o está a preocupar. “Qual é o teu problema?”,
“Achas que não és capaz?”, “O que é que achas mais difícil?”. De acordo
com José Morgado, falar sobre este tipo de coisas ajuda as crianças a
ter consciência dos seus medos e permite aos pais devolver-lhes
confiança. É pior se as crianças não falarem. “Se elas ficam sozinhos
com os medos, os medos ganham volume”, diz o psicólogo.
Para além disso, ao fazer estas perguntas pode apanhar pistas sobre dificuldades em matérias específicas.
5. Não queira ser professor
Se perceber que o seu filho tem dificuldades específicas e se não
consegue ajudá-lo, não se martirize. Como explica José Morgado, os pais
“não devem ser professores dos filhos porque já é muito difícil ser
pai”. Em vez disso, ajude-o a olhar para aquilo de que precisa e a
contactar os professores. Diga-lhe, por exemplo: “Vou falar com o
diretor de turma para te ajudar”.
O que é que pode dizer ao seu filho caso o exame de português tenha corrido menos bem?
- Segundo José Morgado, é muito importante “desfazer o efeito de contágio” e dar a entender à criança que “as notas não se pegam”. Tente evitar a ideia de que se algo correu mal, tudo vai correr mal. Diga-lhe: “Está feito o exame de língua portuguesa, vamos pensar no de matemática”.
- Na véspera do exame volte a falar com o seu filho para tentar perceber aquilo de que ele precisa. Pergunte-lhe se ele tem dúvidas ou se precisa de alguma ajuda que os pais, irmãos, ou outros membros da família possam dar.
A dois dias do exame de matemática, o estudo feito na véspera deve
servir apenas para fazer o “refreshment” e consolidar conhecimentos,
como explica José Morgado.
Para as revisões finais ou para resolver uma dúvida de última hora, pode recorrer ao site Hypatiamat,
uma plataforma desenvolvida pelo Departamento de Matemática da
Universidade de Coimbra em colaboração com a Escola de Psicologia da
Universidade do Minho, onde os estudantes podem realizar, gratuitamente,
exercícios de matemática retirados de exames nacionais e
internacionais.
O site é interativo e permite que os jovens sejam acompanhados por
tutores virtuais que dão pistas de solução. Se os alunos acederem, por
exemplo, ao menu “Quero… apps para aprender”, têm acesso a uma série de
exercícios “andaimados”, como explica Ricardo Pinto, investigador do
Hypatiamat, onde o site resolve o exercícios por passos, demonstrando o
raciocínio.
Apesar de o Hypatiamat ser direccionado a alunos do 2º e 3º ciclo, as
várias matérias que disponibiliza incidem sobre competências
anteriores. Assim, um aluno do 3º e do 4º ano terá muitos exercícios
para fazer."
daqui.
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