quinta-feira, 19 de junho de 2014

exames nacionais... da gestão do erro...?... a continuação das broncas do costume... agora com a autonomia 'crática' do iave...!


no público...




"A Associação de Professores de Português (APP) detectou aquilo que considera ser "um erro" nos critérios de correcção do exame nacional daquela disciplina do ensino secundário. Em causa estão cinco pontos em 200, "que podem ser decisivos para a média final dos alunos no secundário", alerta a presidente daquela organização, Edviges Ferreira.

Em declarações ao PÚBLICO, a presidente da APP disse não ter detectado o erro na quarta-feira (dia em que se realizou a prova), já que, "ao contrário do que é regra", o Instituto de Avaliação Educacional (IAVE) não mandou os critérios de correcção àquela organização, antes de os tornar públicos. Diz, no entanto, que desde a noite desta quarta-feira que "chovem" na APP alertas de professores de Português que asseguram que a resposta à questão 2.3 do grupo III não é “acto ilocutório compromissivo”, como definem os critérios de correcção, mas sim, acto ilocutório assertivo. "Não há qualquer dúvida, é um erro", insiste Edviges Ferreira.

A presidente da APP defende que o IAVE, “na pior das hipóteses, terá de considerar certas as respostas de quem acertou (escrevendo acto ilocutório assertivo) e de quem errou mas escreveu o que é indicado nos critérios de correcção como estando certo (acto ilocutório compromissivo”.

“Está em causa o futuro dos alunos, erros deste tipo são inadmissíveis num exame nacional", disse. 

A questão refere-se à última frase do último parágrafo do texto de Lídia Jorge sobre Eça de Queirós: “É por isso que, para além do culto que a obra de Eça legitimamente merece, por mérito próprio e grandeza genuína, se deve reconhecer, para sermos justos, que muita da admiração totalitária que Eça desencadeia nasce porventura duma espécie de preguiça e lentidão em entender, ainda nos nossos dias, a linguagem diferente daqueles que lhe sucederam. O que não parece vir a propósito, embora venha. Como um dia veremos." No exame é pedido aos alunos que classifiquem o acto ilocutório presente em “Como um dia veremos”. 

Numa nota enviada aos órgãos de comunicação social, a direcção da APP mostra a sua “apreensão relativamente ao cenário de resposta proposto” nos critérios de correcção. “De acordo com os professores que nos contactaram e com a própria APP, a frase não aponta claramente para o ato ilocutório referido nos critérios por não expressar, de modo objectivo, “intenção de se comprometer a realizar uma determinada acção no futuro”, de acordo com a definição científica associada a “acto compromissivo””, sustenta. Em declarações ao PÚBLICO Edviges Ferreira disse tratar-se de um acto ilocutório assertivo, já que "representa uma opinião convicta da autora de que o que exprimiu é verdade". 

O PÚBLICO aguarda respostas do IAVE a questões sobre este assunto."



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