quarta-feira, 24 de junho de 2015

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Bom dia, já leu o Expresso Curto Bom dia, este é o seu Expresso Curto
Luísa Meireles
Por Luísa Meireles
Redatora Principal
 
24 de Junho de 2015
 

Acerte o relógio e fixe a hora: nove da manhã 

É a hora em que a nossa TAP começa(ou) a deixar de sê-lo. No Ministério das Finanças, é assinado não o contrato, mas um tal - prepare-se, é um palavrão técnico - Share Purchase Agreement (SPA, Acordo de Compra de Ações), que em boa verdade é um contrato-promessa de compra e venda da companhia de bandeira portuguesa. O negócio, pouco chorudo (e muito chorado) depende ainda da aprovação dos reguladores: Comissão Europeia, Autoridade da Concorrência, Autoridade Nacional da Aviação Civil e ainda do Tribunal de Contas. Já para não falar do "processo oficial de inquérito" que a Associação Peço a Palavra anunciou ter sido aberto em Bruxelas. Só quando tudo isto estiver concluído, é que o Estado poderá firmar o contrato definitivo que transferirá, aí sim, para o consórcio Gateway, dos srs. Humberto Pedrosa e David Neeleman, a posse da TAP.

Feitas as contas, o contrato para valer só deverá ser assinado lá para o último trimestre do ano quando - suprema ironia - estará já em funções ou a caminho um novo Governo. Se for do PS, a ironia será mesmo pesada, atendendo à posição assumida de que pretende reverter as condições do negócio. Mas - atenção! - ainda não é desta que se vão conhecer os pormenores do contrato onde, sabidamente, costuma morar o diabo que, nestas terras do Sul, ainda por cima abomina as regras da transparência. Mas, para que nada lhe falte, caro leitor, leia quem sabe, no caso, a Margarida Fiúza. Eu, por mim, só registo que a renegociação da dívida de curtíssimo prazo de €400 milhões da TAP ainda vai ter que ser renegociada tendo o Estado como dono. Essa renegociação é condição sine qua non para a finalização do negócio. 


OUTRAS NOTÍCIAS 
Para já, ficamos ainda cá dentro (já lá iremos, à Grécia). 
Miguel Relvas regressa à ribalta e está em todos os jornais. Publica um livro mas a notícia é que o Ministério de Educação abriu à consulta o seu dossiê (e não só). Caso Lusófona, lembram-se? Aquele em que o ex-ministro conseguiu tirar um curso de Ciência Política e Relações Internacionais que se fazia em três anos e 180 créditos, e que Relvas conseguiu "matar" apenas num ano e 20 créditos? Valeu-lhe o descrédito e, a prazo, a demissão. O caso ainda está em tribunal, mas entretanto o Expresso foi ver quem são os outros alunos (151) que ficaram sem o título de Dr., Engº ou Arqº e chegou também à conclusão que há pelo menos cinco anos que esta Universidade anda a empatar. No sábado, anuncio já, a E publica uma entrevista com o político que agora diz que quer ser só conselheiro. 

E por falar em Educação e exames, finalmente, dizem os professores, o de Matemática, esse terror das médias, foi "adequado, mais fácil e as médias vão subir". Tempo de eleições também? A propósito, a polémica sobre o adiamento para o final de setembro do começo do ano letivo continua e vai subir ao Parlamento. 

Na política, os dirigentes do Livre/Tempo de Avançar adiaram para hoje o anúncio de quem será quem nas listas, cujos nomes e ordem foram decididos por democracia direta, um método de grandes virtudes teóricas, mas que pode ter como consequência imprevisível que os líderes mais conhecidos do partido, como Rui Tavares ou Ana Drago, não sejam nem os primeiros das listas ou, até, nem eleitos (hipótese horribilis). A Rosa Pedroso Lima explica como e porquê. Pode imaginar-se quais seriam os efeitos para um jovem partido que desponta nas sondagens com uns humildes (?) 2% e se bate, por exemplo, em Lisboa, na mesma área do povo de esquerda não PS, com nomes como Mariana Mortágua (BE) ou Jerónimo de Sousa (PCP). 

O ministro da Saúde abriu a polémica: como financiar o Serviço Nacional de Saúde? O que se ouviu foi o ministro dizer que preferencialmente devia ser com impostos ( mais?), mas depois desdisse-se. Parece que os jornalistas afinal perceberam mal. O Ministério esclareceu que "o aumento dos custos não significa necessariamente subida de impostos". 

Quanto a segredos revelados, estamos conversados, é uma pecha portuguesa: então não é que as secretas revelaram os nomes de candidatos a espião? Outra vez?


Lá fora:

Secretas, disse ele. Pois, é o novo escândalo, que faz eco de um mais antigo: ainda a NSA e desta vez em França. Os três últimos presidentes franceses (Chirac, Sarkozy e Hollande) foram escutados por aquela agência americana. A revelação é do Libération, em colaboração com o Wilikeaks, mas como é fechado, leia este artigo do Huffington Post. 

Agora, sim, Grécia. De cimeira em cimeira, aproximam-se os contrários. Foi na segunda-feira a reunião extraordinária dos chefes de Estado e de Governo da zona euro - e recomendo o este texto para perceber porque as coisas são como são e mais este, porque explica porque esta história é apenas um interlúdio. São dois pesos-pesados a escrever sobre Europa, o Paulo Sande e o Pedro Santos Guerreiro. Se quer alargar as perspectivas, veja como a austeridade está a minar os direitos fundamentais na União - é um estudo do Parlamento Europeu e inclui Portugal. Hoje à noite haverá outra reunião do Eurogrupo, e amanhã nova cimeira de chefes, o Conselho Europeu, onde a Grécia continua como prato principal.

Quanto à Grécia, em si, a política treme. Nave de loucos, titula o Ekathimerini a propósito do seu país - as ruas de Atenas agitam-se e o Parlamento tem de pronunciar-se sobre o que vier a ser acordado pelo Governo. Não está fácil para Tsipras, nem augura nada de bom para a estabilidade do seu Governo. A política é sobretudo gestão de expectativas, alertava António Vitorino na SIC e as gregas foram colocadas bem alto. Depois, a diferença entre o que se tem e o que se queria paga-se a dobrar. 

Outro toque de Europa, mas na vertente militar. Hoje também é dia de reunião de ministros da Defesa da NATO. A agenda é aquele jargão habitual que dá para tudo ("Como a organização se está a adaptar a um novo e mais desafiante ambiente de segurança"), mas que basicamente quer dizer Rússia - sabia que os Estados Unidos planeiam instalar armamento pesado nos países fronteiriços? Pois leia esta conferência de imprensa e informe-se aqui (Público) e aqui (El Pais) onde o grafismo ajuda a explicar. Ou mesmo aqui, no original (New York Times). Linhas vermelhas estão de novo a ser traçadas no velho continente. A guerra fria era o quê, ao certo? E nós, portugueses, que pensamos disto? 

Por falar nos Estados Unidos, más notícias para Hillary Clinton: uma sondagem em Estados-chave (Flórida, Pensilvânia e Ohio) revela que os eleitores não a consideram nem honesta nem confiável para Presidente. Uau! Mas boas para Obama, que recebeu do Senado luz verde para avançar com os acordos comerciais com o Pacífico e a União Europeia: " uma enorme vitória" para o Presidente americano. 

Mais descontraída, mas não menos relevante na cena europeia: a rainha de Inglaterra, que já vai nos 89, vai fazer a sua sétima (e provavelmente a última) visita... à Alemanha. Curioso, não é? O Guardian acha que é um " golpe diplomático". 

E ainda: 

Lugar para o inusitado. Confesso que achei especial esta notícia: na Tailândia, há um Conselho que quer ensinar os jornalistas a fazer perguntas, para não "distorcerem os factos" e, sobretudo, não importunarem o sr. primeiro-ministro com perguntas provocadoras. Não é uma delícia e até, quem sabe, para alguns, uma epifania? Porque será que ela me fez lembrar o disse-que-não-disse do ministro Macedo?

Dependendo do ponto do Globo em que se encontra, também há quem possa achar uma delícia esta outra notícia, vinda da China, e para mim não menos inusitada e por demais repelente e chocante: já sabemos que é tudo uma questão cultural, mas visto do lado de cá é mesmo mau: carne de cão


FRASES 
"O poder da troika não vem do volume de dinheiro. Nós pagamos mais, apesar de tudo. Vem do amor que a troika tem ao dinheiro" - José Ribeiro e Castro, o político que vai abandonar a política, no I. 

"À medida que o tempo avançou, eu tive de deixar a mão andar, já não tinha bem a certeza do que estava a fazer, mas fui fazendo" - Inês Alonso, uma jovem que fez o exame de Matemática, ao Público. 

"Temos de decidir se queremos salvar os nossos cargos, ou queremos salvar o nosso projeto" - Lula da Silva, que está convencido que vai ser o próximo alvo da operação "Lava Jato", citado pelo Público. 

"Os 'cofres cheios' só servem de almofada transitória. Não resistem a uma crise prolongada caso os mercados apostem numa saída de Portugal no euro" - Teixeira dos Santos, a propósito da crise grega, no Diário Económico 


O QUE ANDO A LER 
História, contada por quem a sabe contar. Sobre um país dito irmão e que, nestes tempos, se separou: " 1822", de Laurentino Gomes (Porto Editora): "Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro (I deles e IV nosso, por uma questão de fusos horários) a criar o Brasil, um país que tinha tudo para não resultar". Não é um bom cartão de visita?

E porque não pegar nesta ótima sugestão e arranjar um "Dicionário de Erros Frequentes da Língua" (Manuel Monteiro, Soregra Editores), que realmente faz falta? Aquele que nos diz onde erramos, e não é na vida?

Também acabei de ler (e por isso recomendo) coisa mais curta e de género: Como as mulheres trabalhadoras estão a refazer a Arábia Saudita. O mundo está mesmo a mudar, mesmo nos sítios onde o tempo parecia estar parado. Está na Der Spiegel. Perca um tempo, que garanto que o dá por ganho. 

E por falar em tempo, já vai sendo tempo de arrancar para o dia! Isto, se não foi farrar na noite de São João - a propósito, sabia que o alho-porro é mais velho que o próprio São João? (As coisas que a Manuela Goucha Soares desencanta!) Pois fique a saber isto e muitas outras coisas, a cada instante no nosso on-line e, lá para as 6 da tarde, aprecie as principais notícias do dia no Expresso Diário.

Bom dia!

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