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Por Pedro Candeias
Coordenador
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30 de Junho de 2015 |
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Tsipras. Ouçam com atenção, pois só direi isto uma vez: Não é não!
O plural majestático:
A política faz-se de homens e os homens, como homens que são, têm coisas que são da coisa humana. Estas vêm aos pares: paciência e impaciência, flexibilidade e inflexibilidade. verdade e inverdade. E é neste equilíbrio que acontece a política que mais não faz do que pôr extremos em contacto. O problema é que quando se joga este jogo durante tempo de mais, perde-se a perspetiva, ganha o caos - e aparece a Grécia. Uma história de muitas horas que se faz fora de horas.
Na madrugada de hoje, a Reuters escreveu que Jean-Claude Juncker enviou uma nova proposta a Alexis Tsipras na 25.ª hora para que as negociações não chegassem ao impasse que agora estão. Nesse texto de domingo, Juncker garantiu que, por exemplo, as taxas nos hotéis ficariam pelos 13% e nao pelos 23% que haviam sido avançados antes. A contrapartida? Esta: Tsipras teria de responder por escrito e fazer campanha pelo "Sim" no referendo. Que referendo? Já lá vamos.
Já a campanha externa pelo "Sim" começou à tardinha e é uma Hydra que vive um pouco por todo o lado exceto no sítio onde ela terá nascido - por aqui me fico nas referências à mitologia grega. Juncker, Angela Merkel, David Cameron, Barack Obama, François Hollande e outros garantem que a Grécia está perante uma escolha binária com uma só consequência: o Euro ou o Dracma. E Dracma está a uma letrinha de distância de ser drama.
E o que podemos nós esperar disto quando as bolsas na Europa caem a pique? Passos Coelho diz que "ninguém está imune" mas que, financeiramente, Portugal não será "apanhado desprevenido". Ao ler o João Silvestre, não me sinto assim tão seguro - ele diz-nos que há seis formas de sermos contagiados. Ou seja, apanhados desprevenidos.
OUTRAS NOTÍCIAS
Uma semana não seria uma semana se na mesma não coubesse uma entrevista de José Sócrates. Ao Diário de Notícias e à TSF, o antigo primeiro-ministro diz que foi "preso para impedir o PS de ganhar as próximas eleições", que o Ministério Público age "como difamador e caluniador", e que esta "é uma caça ao homem" - a um homem que garante que não se rende.
Cristiano Ronaldo não se rende - vende-se, às metades. 50% dos seus direitos de imagem passaram para as mãos de Peter Lim, o amigo de Jorge Mendes que é dono do Valencia, clube cheio de agenciados do superagente português (jogadores e treinador), que, por sua vez, é rival do Real Madrid onde joga Ronaldo e onde estão estacionados os outros 50% dos direitos de imagem. Alguém fica mal nesta fotografia? O El País diz que sim.
Continuamos nas percentagens. 30% da Grande Muralha da China desapareceu por erosão natural, por descuido dos turistas e por roubo. Há quem surripie tijolos de um lado para assentá-los noutro lugar e com eles fazer uma casa.
Portugal joga fora mas pensa regressar a casa com o primeiro troféu europeu sub 21. A seleção nacional encontra hoje a Suécia em Praga, às 19h45, e há três ou quatro razões para estarmos otimistas: William Carvalho, Sérgio Oliveira, João Mário e Bernardo Silva. Não será uma questão de sorte.
Da sorte para o sorteio: os árbitros vão deixar de ser nomeados e voltam a ser sorteados na próxima época. O Benfica ficou piúrço e acusou FC Porto e Sporting de fazerem panelinha para esteve novo cozinhado futebolístico.
FRASES
Da série: A crise grega
"Isto não é um pacote de austeridade estúpida. Sinto-me traído" Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, em roda livre contra Tsipras
"Há muito tempo que pensava que as coisas iam correr mal" Cavaco 'vocês-sabem-o-que-eu-estou-a-pensar' Silva, Presidente da República
"Se a Grécia sair, ficam 18 países" Cavaco Silva, um bis.
"O emprego público caiu mais de 25% e as pensões (que eram de facto demasiado generosas) têm sido cortadas abruptamente. Se a isto se somarem todas as medidas de austeridade, fizeram mais do que o suficiente para eliminar o défice e passarem a ter um amplo excedente" Paul 'eu-tenho-um-Nobel-e-vocês-têm-o-quê?' Krugman, economista.
O QUE ANDO A LER
Como muitos que conheço, eu tive de ler a Sibila de Agustina e como quase todos os que conheço não gostei de lera a Sibila de Agustina. Era uma coisa difícil, melancólica, onde cabiam muitas vidas e eu estava era preocupado com a minha, que era essencialmente urbana.
Volto agora a Agustina (mas não à Sibila) e leio o "Caderno de Significados", um conjunto de pequenos textos escritos por ela em "folhas soltas, em cadernos de notas, em espaços brancos de impressos, em margens de livros, dispersos em pastas de congressos, em gavetas de móveis".
E é através deles que ela se dá a conhecer: uma mulher que nasceu escritora e que é orgulhosa do seu talento (di-lo, desprendida), que não é de esquerda nem de direita, que foi deixando de ler livros quando os livros deixaram de intimidá-la. "São panfletos ou são tratados, mas já não são aquele livro que se lia depressa, comendo maçãs, e deixando ao acaso a alma em que o segredo suspira."
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