Resultados da Sondagem da Semana: Os professores em média, quantas horas trabalham por semana?by Alexandre Henriques |
Ficam os resultados e a análise de Paulo Guinote.
Tempus Fugit
O
tempo que os professores ocupam de forma directa ou indirecta é uma
questão profundamente relativa e variável, pelo que esse debate só faz
verdadeiramente sentido para todos aqueles que, pobres de espírito,
conhecimentos e quantas vezes de respeito pelos outros, acham que vamos
para a escola, damos as aulas – como se mesmo só isso fosse tarefa menor
e fácil – e vamos para casa como a grande maioria dos outros
trabalhadores.
Para
os professores, para quem conhece as condições concretas do exercício
da função, é escusado explicar que tudo varia muito no calendário do ano
lectivo, nas circunstâncias de cada grupo disciplinar e de cada escola
ou agrupamento.
Concretizando…
eu tenho seis turmas, de duas disciplinas distintas, sendo uma delas de
ensino vocacional, e mais dois grupos de alunos com necessidades
educativas especiais com um currículo específico… pelo que tenho cerca
de 130 alunos porque algumas turmas são reduzidas (presença de 2 ou mais
NEE com CEI). Há semanas em que trabalho pouco mais do que os 26 tempos
marcados no horário e há semanas em que esse tempo quase duplica,
excedendo largamente as 40-45 horas.
Mas,
há quem tenha muito mais turmas e mais alunos, eventualmente com mais
níveis a leccionar, que precisam de preparar elementos de trabalho e
avaliação, bem como corrigi-los e classificá-los, para 8 ou 9 turmas,
mais o trabalho de direcção de turma e todo o aparato burocrático das
reuniões mensais ou quinzenais. Há semanas em que a acumulação de
compromissos “extra-lectivos” são bem acima do que está contemplado no
estatuto da carreira e ninguém contabiliza isso.
A
relatividade das condições específicas de trabalho de cada um de nós
faz com que eu me sinta naqueles menos de 3% de colegas que responderam
que não sei quantas horas gasto, em média, por semana, com a minha
profissão.
Mas
não queria terminar este muito breve comentário sem sublinhar um dos
aspectos mais deprimentes do nosso horário de trabalho que é o dos
chamados “tempos a repor”, calculados a partir dos 1100 minutos lectivos
que devemos cumprir e que no caso das escolas que optaram pelos tempos
de 45 minutos implicam que todos os meses seja feita uma contabilidade
dos minutinhos que faltam para os 1100, contabilidade essa que ocupa
bastante as preocupações dos senhores inspectores da IGE que fazem as
vistorias periódicas destas matérias e que nos obrigam a desenvolver as
chamadas actividades da treta para cumprir as contas de merceeiro
decorrente da “autonomia” que se diz existir nas escolas para organizar
os horários.
Cada
vez que vejo aquelas contas e vejo as horas ou tempos a repor dá-me
vontade de perguntar se esta não é uma das formas mais mesquinhas de
menorizar o profissionalismo docente. E interrogo-me quando haverá a
coragem para enviar esta obrigação para um poço bem fundo, onde a luz do
sol não chegue.
no com regras...
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