quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

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Bom dia, já leu o Expresso Curto Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Martim Silva
Por Martim Silva
Editor-Executivo
 
20 de Janeiro de 2016
 
“Não vim aqui para a intrigalhada”
 
Bom dia, este é o seu Expresso Curto
Porque há muita coisa e bem interessante a acontecer, esta newsletter abre com quatro destaques maiores, todos eles nacionais:

1. Realizou-se o último debate televisivo antes das Presidenciais do próximo domingo, na RTP, a dez (ou melhor, a nove que Maria de Belém não apareceu).
2. A pressão sobre o Governo aumenta à medida que se aproxima a aprovação do draft do OE para este ano e o envio do documento para a exame em Bruxelas.
3. A polémica das subvenções vitalícias dos políticos voltou e em força.
4. Almeida Santos, o “Príncipe dos Bastidores” da política portuguesa morreu ontem e o funeral é hoje.

Primeiro destaque.
O debate a dez na RTP só teve nove. Maria de Belém faltou por causa da morte de Almeida Santos, seu sucessor na presidência do PS. Mas no confronto de duas horas não faltaram animação, desmentidos, troca de acusações, irritações e até vários momentos bem divertidos (sobretudo protagonizados por Tino de Rans).
A Rosa Pedroso Lima fez aqui o resumo no Expresso.
Na RTP pode ver os vídeos com o resumo do que eles foram dizendo.
Eu, por mim, repito o que disse Tino depois de estar calado tempo e mais tempo enquanto os outros se desmentiam e acusavam e falavam das habilitações académicas e afins: “Não vim aqui para a intrigalhada”.

Sobre a campanha das presidenciais, esta galeria do Público permite relembrar alguns dos mais curiosos cartazes destas campanhas ao longo dos últimos 40 anos. Veja e sorria como eu sorri ao vê-la.

Sabe qual foi a eleição presidencial em que mais gente votou? E qual o candidato mais votado de sempre? Pois, as respostas a estas e outra perguntas mais ou menos de algibeira podem ser consultadas aqui.


Segundo destaque.
A “nova velha criança problemática”. A expressão é intrincada e o significado não é simpático. Um estudo do Commerzbank citado pelo Diário Económico mostra como lá por fora volta a falar-se na possibilidade de um segundo resgate a Portugal.
​Ao mesmo tempo, com o forcing da Comissão para que Portugal consiga reduzir ainda mais o défice este ano, António Costa só admite apertar a torneira a ricos, empresas e IVA.

Enquanto lá por fora a pressão aumenta para o Executivo de António Costa, cá dentro o cerco não é menor. Sendo conhecida a vontade de Bruxelas e os desejos da troika, Jerónimo de Sousa já deixa um aviso, e uma ameaça, à navegação.
O que parece claro é que qualquer derrapagem que leve a qualquer sinal de austeridade pode significar o cabo dos trabalhos para Costa, por mais artes negociais que revele.

A imprensa de hoje mostra de forma clara como o tema é importante e, sobretudo, como vai marcar a agenda nos próximos tempos. Quer ver?
“Costa não sacrifica compromissos às metas orçamentais”, DN
“Jerónimo ameaça fazer cair o Governo”, i
“Bruxelas pressiona mas Governo aumenta apoios sociais”, JN
“Mil milhões. O número que separa o Governo de Bruxelas”, Negócios
“Orçamento gera tensões à esquerda”, Diário Económico

Amanhã já o Governo de Costa aprova em Conselho de Ministros o draft do Orçamento de Estado para este ano. No dia seguinte, o documento é remetido a Bruxelas para avaliação.
Os próximos dias vão ser quentinhos. Ai vão, vão…


Terceiro destaque.
As subvenções vitalícias dos políticos acabaram em 2005. Quem as tinha ficou com elas, daí em diante mais ninguém passou a receber. Mas depois dos cortes efectuados com a crise nas que já estavam a ser pagas (condição de recurso para quem tenha rendimentos acima dos dois mil euros), um conjunto de deputados decidiu enviar o diploma para o TC. O Tribunal, tão amigo da anti-austeridade, mandou pagar as pensões totais aos políticos que tinham sofrido cortes (com retroactivos).

Esta é a história.
A polémica é que entre os deputados que requereram o fim da medida estão muitos parlamentares do centro, do centrão PS e PSD. Entre eles uma candidata presidencial. Maria de Belém.
Quando a notícia ontem se soube não era difícil perceber que o final da campanha vai ser difícil para esta socialista (experimente ver os telejornais nas próximas horas e dias para confirmar a ideia).
Mas, para ajudar à festa, pouco depois Belém fazia uma nota dizendo que nunca beneficiou da subvenção vitalícia, mas que ainda a pode vir a requerer. Ou, em bom português, cada cavadela cada minhoca.

No debate presidencial de ontem, vários candidatos criticaram as subvenções e, à saída, Sampaio da Nóvoa anunciou que se for eleito quando deixar Belém renunciará à que terá direito por ter sido chefe do Estado.

Para perceber como a polémica antes desta polémica começou (ou seja, quando se começou a pensar em repor o que tinha sido cortado), vale a pena ler este texto do Filipe Santos Costa ontem no site do Expresso. Claro está que como tanta coisa nesta vida, chega-se ao fim e percebe-se que a culpa… foi de Passos.

O Ricardo Costa escreveu sobre “mitos e verdades” à volta deste tema.


Quarto destaque.
Ainda sobre a morte de Almeida Santos (que hoje ao início da tarde será enterrado no cemitério do Alto de São João em Lisboa), uma figura longe de consensual mas seguramente das mais marcantes da nossa democracia, muito se tem escrito. Deixo aqui links para alguns dos artigos que me parecem verdadeiramente essenciais. Os de Manuel Alegre e Ferreira Fernandes no DN, de Manuel Carvalho, no Público, mas também três aqui da casa: Henrique Monteiro “Por favor, preocupem-se”, Ricardo Costa “O príncipe dos bastidores” e José Pedro Castanheira “O ministro da descolonização: ‘mágoa sim, remorso não”.
DN, JN e Público de hoje fazem a foto principal de capa com este tema.

 

OUTRAS NOTÍCIAS
Cá dentro,

Complemento Salarial Anual. CSA. Já ouviu falar? Não? É natural. Foi criado ontem mesmo pelo Governo. trata-se de um crédito fiscal para quem fica abaixo do limiar da pobreza… mesmo estando a trabalhar.

Um dos voluntários hospitalizados em França na sequência de falhas no ensaio clínico de um medicamento da Bial já teve alta, soube-se ontem.

Sobre a morte do jovem David Duarte em Dezembro no Hospital de São José foi ouvido ontem no Parlamento o presidente da instituição. Que garantiu que “o médico estava convencido que o doente sobrevivia até segunda-feira”. Mas não sobreviveu.
Hoje, no mesmo local, será ouvido o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

O DN de hoje afirma que o IPO do Porto vai revistar sacos e carros de doentes e funcionários. Tudo por causa dos roubos verificados na instituição. Mas há quem duvide da legalidade da medida.

O Público titula que um jurista que é chefe de gabinete da secretária de Estado da Presidência do Conselho de Ministros foi favorecido por um dos arguidos do caso dos vistos gold.

Português criou um google maps para o cérebro humano. Curioso, não é? Leia aqui.

O Sporting foi fortemente surpreendido ontem à noite em Portimão, onde perdeu por dois a zero com a equipa local, comprometendo as possibilidades de passar às meias finais da Taça da Liga.

José Peseiro é hoje oficialmente apresentado como treinador do Porto. A sua carreira até agora parece marcada por algo que pode ser classificado como “falta-lhe sempre um bocadinho assim…”. O Pedro Candeias explica porquê.


Lá fora,
No Paquistão, um ataque armado a uma universidade fez pelo menos 21 mortos.

A China está com um crescimento económico que seria o melhor sonho para Portugal mas que por aqueles lados significa o mais baixo dos últimos 25 anos. 6,9%. E quando a China espirra, o mundo constipa-se…

Começa hoje mais um encontro em Davos que reúne a nata da economia mundial (e não é para fazer ski).

O preço do petróleo continua a descer. E ainda pode baixar mais, como admitiu a Agência Internacional de Energia.
A alteração, estrutural, obriga muita gente e muitos países a pensar em soluções alternativas. Até a Noruega, como explica aqui a Bloomberg.

A crise quando chega chega para todos e até os terroristas do Estado Islâmico a sentem na pele. Os membros do Daesh vão ter cortes salariais de 50% (isto parece Inimigo Público mas não é).
O Estado Islâmico já reconheceu entretanto oficialmente a morte de Jihadi John.

Atenção, muita atenção mesmo às primárias das presidenciais americanas que já estão aí ao virar da esquina. Dia 1 começam no Iowa e logo na semana seguinte temos New Hampshire (dando início a uma sequência louca que vai permitir nos próximos meses ficar a conhecer os candidatos Republicano e Democrata à sucessão de Obama). Segundo a CNN, entre os Democratas, Bernie Sanders alargou a vantagem sobre Hillary no New Hampshire depois do debate deste domingo.

Mas a notícia que está a provocar maior agitação é o apoio de Sarah Palin a Donald Trump. A FiveThirtyEight diz que Trump é uma espécie de versão 2.0 de Palin.

Isolada, cada vez mais isolada internamente, por causa da política de acolhimento dos refugiados, parece estar a chanceler alemã Angela Merkel.

Morreu o cineasta italiano Ettore Scola, um dos últimos grandes mestres do cinema italiano, realizador de filmes como “Um dia inesquecível” ou “Tão amigos que nós éramos”.

Volta em força a tensão política à Guiné-Bissau.

As Nações Unidas denunciam um número “obsceno” de civis mortos no Iraque.

Stephen Hawkings alertou para os perigos maiores que afectam o nosso planeta.

A Coreia do Norte, não estou a brincar, garante ter inventado uma bebida alcoólica que não provoca ressaca.

Qual é coisa qual é ela que é um país em que a gordura é formosura? Tonga um, Tonga dois, Tonga três.

Este ano, não sei se reparou (eu não tinha notado), todos os atores e atrizes nomeados para Óscares são brancos. Ora, isso já se tornou tema de forte polémica nos EUA.

O videoclip de “Hello”, de Adele, tornou-se o mais rápido de sempre a atingir mil milhões de visualizações na Vevo.

As barbas têm andado nas caras de muita, muita gente, mas podem estar a passar de moda.


NÚMEROS
34.000 - Alunos estrangeiros actualmente no ensino superior português

$25 - Preço atingido pelo barril de petróleo na última semana, o valor mais baixo desde 2003

2.700% - Aumento do streaming de músicas de David Bowie no Spotify desde a sua morte

(números fornecidos pela Netsonda)


FRASES
"Deputados são representantes. Não são empregados nem funcionários. Não podem usar os poderes que lhes são conferidos para defender todos e dedicá-los a interesses corporativos, como se não soubessem aquilo que o povo que representam acha das subvenções vitalícias", Rui Tavares, no Público

"A onda de falta de confiança em Portugal começa a crescer", Helena Garrido, Jornal de Negócios

"Mais do que nunca, será preciso rever os poderes do TC, alinhando-o com o interesse da comunidade. Um governo de juízes não serve. A geringonça é isto", André Macedo, DN


O QUE EU ANDO A LER
Elena Ferrante. Já ouviu falar? Italiana (o nome é pseudónimo, não se sabe ao certo quem é), escritora, um dos maiores fenómenos da literatura internacional atual. Já vou no fim do segundo volume da tetralogia “A Amiga Genial”. E recomendo. Vivamente.
Há muito quem diga que se trata de uma escrita muito feminina. Não sei ao certo o que isso quererá dizer. Se quer dizer que é viciante e se cola à pele, então concordo inteiramente.
Deixo aqui duas análises de quem sabe disto mais que eu, a Helena Bento e o Pedro Mexia, que há uns meses aqui no Expresso sobre Ferrante dizia “romancista italiana de quem se sabe pouquíssimo, tornou-se um fenómeno internacional da última década, só comparável ao norueguês Knausgård”. Se ele o diz...

Da edição semanal do Expresso do último sábado permitam-me que destaque aqui um texto que já foi falado no Expresso Curto. Mas é um daqueles textos jornalísticos que é bom aqui como seria bom em qualquer lado do mundo. De leitura imprescindível, “Uma fortuna sem passado”, de Micael Pereira, relata de forma pormenorizada como Isabel dos Santos, a mulher mais rica de África, tem feito tudo para tentar deixar para trás a ideia de que a sua fortuna se deve ao pai, o Presidente de Angola.

Ontem à noite, na televisão, depois de ver o Sporting perder em Portimão, assisti ao debate televisivo entre os candidatos presidenciais. E acabei de ver a fantástica Narcos, série na Netflix sobre o percurso de Pablo Escobar e do seu Cartel de Medellin. Para trás está também Downton Abbey, que já terminou, definitivamente, há umas semanas, mas que segui com rigor prussiano. Para os muitos fãs da série britânica, deixo aqui o link deste texto da Revista do Expresso.

Por hoje é tudo, tenha uma excelente quarta-feira.

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