2016-01-21 às 20:28
COMUNICADO DO CONSELHO DE MINISTROS DE 21 DE JANEIRO DE 2016
"...
6. O Conselho de Ministros aprovou ainda o Esboço do
Orçamento do Estado para 2016. O Esboço do Orçamento do Estado
demonstra que este é um Orçamento responsável: favorece o crescimento
económico e a criação de emprego; melhora a protecção social; e assegura
o rigor das contas públicas, reduzindo o valor do défice e da dívida
pública.
Em 2016, o défice é de 2,6%, menos 0,4 pontos percentuais do que em
2015. Paralelamente, o défice estrutural situar-se-á nos 1,1%,
resultando numa redução igualmente significativa de 0,2 pp. A dívida
pública reduz-se 2,7 pp do PIB, projetando-se um valor de 126% do PIB no
final de 2016.
Estes resultados têm subjacente uma política orçamental mais
equilibrada e sustentável. Conjugam uma gestão orçamental responsável
com a diminuição da carga fiscal e a recuperação do rendimento. A
estratégia orçamental adotada cria espaço para a materialização do
potencial de crescimento económico, dando espaço ao cumprimento dos
compromissos assumidos no Programa do Governo.
O crescimento económico em 2016 situar-se-á em 2,1%.
Num contexto internacional de baixas taxas de juro, preço do petróleo
reduzido e procura externa com fortes assimetrias espaciais, a economia
portuguesa deverá crescer sustentada no mercado externo, cujo
contributo líquido justifica a maior parte da aceleração do crescimento.
As exportações nacionais registarão um ganho de quota, sustentado em
ganhos dos termos de troca. A procura externa acelerará face a 2015, mas
será sustentada pela recuperação das economias europeias que
representam a maior parte do nosso comércio externo.
Para acelerar a capacidade de investimento privado na economia
portuguesa e atenuar as importações de bens e serviços, em 2016 são
adotadas, entre outras, medidas de aceleração da disponibilização de
fundos comunitários dirigidos ao investimento e capitalização das
empresas. São ainda tomadas medidas de âmbito fiscal dirigidas à
contenção das importações de produtos petrolíferos e do crédito ao
consumo.
No mercado de trabalho regista-se um crescimento do emprego e uma
redução do desemprego. Conjugados, estes resultados traduzem-se numa
quase estabilização da população ativa, em contraste com a redução
observada nos últimos anos.
A remuneração por trabalhador cresce 2,1% em média, devido à
reposição parcial dos salários da Administração Pública e do efeito do
aumento do salário mínimo. No setor privado, a evolução salarial e a
evolução positiva da produtividade, permitirão que os custos unitários
do trabalho evoluam em linha com os dos principais parceiros comerciais,
mantendo a competitividade das exportações nacionais.
A economia portuguesa apresentará capacidade líquida de financiamento
de 2,2% do PIB, mais 0,4pp do que em 2015. Este excedente é baseado na
Balança de Bens e Serviços, beneficiando também do efeito preço
anteriormente referido.
O setor privado tem um contributo positivo para a poupança global e
no setor público existirão necessidades de financiamento associadas à
elevada despesa em juros já que o saldo primário das Administrações
Públicas é positivo (1,9%).
A política orçamental caracteriza-se por uma melhoria do défice das
Administrações Públicas que se situará em 2,6% em 2016. Este valor tem
subjacente uma redução mais acentuada do lado da despesa, variando o
peso das receitas e das despesas públicas no PIB, -0,9pp e -1,3pp,
respetivamente.
Na vertente de recuperação do rendimento, a política orçamental prevê:
- Eliminação de medidas temporárias adotadas durante o Programa de Ajustamento. Em concreto:
i. a reversão faseada dos cortes salariais na Administração Pública, 446 milhões de euros;
ii. a eliminação parcial da sobretaxa do IRS, 430 milhões de euros.
- Reposição de mínimos sociais nas prestações do Rendimento Mínimo Garantido, do Complemento Solidário para Idosos e do Abono de Família, totalizando 135 milhões de euros. Estas prestações são sujeitas a uma condição de recursos e, por isso, são eficazes no combate à desigualdade e pobreza.
Em paralelo, o Orçamento do Estado considera ainda medidas, com
efeito na receita e na despesa, que têm como objetivo equilibrar o
esforço de consolidação entre famílias, empresas e Estado, como por
exemplo:
- Forte contenção nas despesas de consumo intermédio, tornando mais eficiente o funcionamento do Estado.
- Estabilização do número de funcionários públicos, permitindo uma mais eficiente realocação de emprego na Administração Pública.
- Manutenção da taxa de IRC em 21%.
- Redução da taxa de IVA da restauração para 13%.
- Atualização do Imposto Sobre Produtos Petrolíferos.
O Plano Orçamental apresenta uma saudável recomposição das receitas
fiscais com a diminuição do peso dos impostos diretos, cuja receita
diminui 3,4%, e aumento de 5,8% do peso dos impostos indiretos.
A redução dos impostos diretos deve-se à eliminação gradual da
sobretaxa do IRS, bem como à materialização em 2016 do efeito da redução
da taxa do IRC para 21%, introduzida no OE de 2015.
Para benefício da execução orçamental de 2015, foram então adotadas
políticas que anteciparam receitas fiscais e outras que adiaram para
2016 custos fiscais. No seu conjunto, os efeitos desfasados resultam
numa arrecadação líquida de receita fiscal de cerca de menos 800 milhões
de euros em 2016.
O Orçamento representa uma valorização da despesa com pessoal através
da redução gradual do corte salarial e da estabilização do número de
funcionários públicos. No que diz respeito ao investimento, regista-se
um crescimento de 4% face a 2015. Este valor corresponde a um efetivo
esforço de aceleração na execução do Portugal 2020.
A adoção de uma estratégia orçamental responsável, mas promotora de
crescimento, permitirá reduzir o rácio da dívida no PIB e os encargos
com juros (incluindo a amortização de parte do empréstimo do FMI)."
Plano Orçamental Português para 2016 Tipo: PDF, Peso: 421,11K
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