sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

a actualidade do dia-a-dia, numa visão pessoal do jornalista [1]...!

Bom dia: O que significa negociar?
O que temos ouvido nos últimos dias? Dizem-nos que negociar com Bruxelas é um perigo. Será? Será mesmo assustador?, escreve André Macedo*
Sexta-feira, 05 de FEVEREIRO | 08:53
DN

1. Os recados de António Costa
Lisboa terá sinalizado a Bruxelas uma ligação entre o acordo com o Reino Unido para evitar o Brexit e a discussão sobre o Orçamento do Estado, proposta que o governo fechou ontem em reunião do Conselho de Ministros e entrega hoje no Parlamento. Segundo Charles Grant, diretor do Centre for European Reform, um think-tank independente dedicado a promover uma agenda reformista na União Europeia (UE), "o governo de Portugal ameaça bloquear o acordo da UE com Cameron, segundo fontes em Bruxelas - a não ser que a Comissão alivie as metas orçamentais", escreveu o antigo jornalista da revista The Economist na noite de quarta-feira na sua conta do Twitter. Ora bem, Grant não é uma fonte qualquer, segundo a Bloomberg é uma das 50 pessoas mais influentes do Reino Unido e o líder do mais reputado think-thank britânico ligado à Europa. Ou seja, sabe do que fala.
2. A negociação holística
Poderíamos então pensar: ah, é isto que se chama bater o pé, Certo? Errado. A informação tem de ser lida com uma pitada de sal. O primeiro-ministro não se pôs aos tiros para o ar. Não fez chantagem, não disse: ou me dão espaço ou bloqueio o acordo que permitirá aos ingleses recuperar um pedaço da soberania que lhes dará mais autonomia. Simplesmente, António Costa pode ter sublinhado o evidente. Que Portugal pode estar em maus lençóis financeiros, que tem caminho a fazer e cortes a realizar, mas que tudo isto é não apenas um processo, mas um processo, digamos, holístico, como dizem na publicidade. Traduzindo: hoje Portugal está a negociar o Orçamento para 2016 e é claramente a parte fraca, mas há outros assuntos na agenda europeia, por exemplo o Brexit - que se traduzirá em mais benefícios para a praça financeira de Londres --, mas um dia destes voltará a discutir-se a política agrícola comum e outros temas em que Portugal já não chega menorizado às negociações e em que o voto desfavorável do primeiro-ministro português pode bloquear tudo. Ah, sem esquecer a ajuda que o país pode dar no acolhimento de refugiados. Resumindo, Costa aceitou parte das exigências orçamentais de Bruxelas, daí o novo aumento de Impostos, mas negociou e isso trouxe alguns resultados. Leia aqui como Ferreira Fernandes vê o assunto. E aqui as medidas prevista no Orçamento.
3. Pagam as empresas
Os proprietários de imóveis usados para comércio, indústria ou serviços vão ser chamados a pagar mais IMI em 2017. Esta subida vai ser a consequência direta da correção extraordinária a realizar no final deste ano que, na prática, aumentará o valor patrimonial tributário destes edifícios em 2,25%. É aliás no bolso das empresas que pesa mais o OE de Costa e Centeno. Além de carregar no IMI, será mais difícil para as empresas participadas cumprirem as condições para evitarem a dupla tributação: a participation exemption previa que as companhias que tivessem 5% do capital de outras empresas ficassem isentas do pagamento; o novo OE prevê uma fatia mínima de 10% do capital da participada para aceder a essa exceção. Serão ainda as empresas a suportar os custos do aumento do salário mínimo nacional para 530 euros (situação que afeta cerca de um terço das pessoas que trabalham a tempo inteiro), sem verem reduzida a taxa social única (TSU) - o alívio nesta rubrica foi chutado para a concertação social e deverá ser adiado um ano. Pelo caminho, a redução do IVA da restauração ficou a meio, aplicando-se só a partir da segunda metade do ano e deixando de fora as bebidas. Ah, sem esquecer os bancos, que também levam com mais uma taxa em cima. Resultado: este é um orçamento que não facilita a vida às empresas. E isso é mau. Pode até ser péssimo. Vai ser preciso esperar para ver.
4. Refugiados: 600 para Portugal?
Hoje, em Berlim, António Costa e Angela Merkel falarão do vil metal e de outros assuntos. A vida não é só dinheiro. Por exemplo, vão falar sobre a crise dos refugiados e de como Portugal, apesar das suas modestas capacidades, pode receber mais refugiados, o que além de ajudar, tem também importância simbólica. Ora aqui está um país disposto a ajudar, não apenas a enxotar. A propósito disto, José Carreira, diretor executivo do Gabinete Europeu de Apoio em matéria de Asilo, explica no DN que há um milhão de pedidos de asilo pendentes na UE. E diz haver 600 pessoas prontas a vir para Portugal nas próximas "duas ou três semanas". Um assunto a seguir com muita atenção.
5. E a Caixa, que tragédia
A Caixa Geral de Depósitos registou um prejuízo de 171,5 milhões de euros em 2015. Este montante representa uma redução face aos 348 milhões contabilizados em 2014, mas é o quinto ano seguido no vermelho, desta vez em contraciclo, já que BCP e BPI já deram a volta ao texto e voltaram aos lucros. O que é espantoso é que nestas contas nem sequer está incluído o empréstimo feito pelo Estado. Porquê? Porque a CGD ainda não o pagou.
6. A pressão na cozinha
Não vale a pena fazer trocadilhos parvos. A vida de quem trabalha na cozinha é de uma dureza extrema, além de altamente competitiva. Apesar disso, nada fazia prever que o chef franco-suíço Benoît Violier fosse pôr fim à própria vida. "Ninguém sabe o que aconteceu. Estamos imensamente chocados", diz o português Filipe Fonseca Pinheiro, vencedor do Bocuse d"Or suíço de 2016, que trabalhava há mais de quatro anos com Violier no restaurante Hotel de Ville de Crissier, na Suíça, um espaço distinguido com três estrelas Michelin.
E ainda...
A música volta a estar de luto neste início de 2016. Esta quinta-feira à noite ficámos a saber que Maurice White, fundador do grupo Earth, Wind & Fire, morreu, aos 74 anos. Goste-se mais ou menos do género, certo é que marcaram uma época - e a sua música continuará a ser ouvida. Relembre alguns dos seus êxitos.
No Reino Unido, o 'mayor' londrino debate-se com os eternos problemas de trânsito da capital britânica. A sua solução? O maior túnel rodoviário do mundo, a construir sob Londres. Segundo o The Times, esta solução a fazer lembrar os projetos de Santana Lopes na Câmara de Lisboa (mas em grande) terá 25 quilómetros de comprimento e cruzará a cidade de leste para oeste.
Um Mercedes com 40 anos e milhões de quilómetros percorridos, que chega a fazer 500 km num só dia em estradas de todos os tipos. Não é em Lisboa (ainda que, dito assim, até quase poderia ser...) mas em Marrocos que o jornal ABC descobriu este Mercedes-Benz 240D que, garante o seu atual dono, nunca avariou. Veja a reportagem em vídeo.
Na ciência, pela primeira vez cientistas conseguiram visualizar o momento em que uma célula se torna cancerígena (melanoma, no caso) e como se multiplica num organismo vivo. Tal como escreve o SienceDaily, é uma descoberta importante para se perceber como o cancro se desenvolve e para criar métodos para o destruir o mais cedo possível.
Para alguns momentos de beleza, vale a pena espreitar o concurso de fotografias de jardins que a BBC promoveu e que revelou os vencedores esta madrugada. Olhe que vale mesmo a pena.
Hoje acontece:
No dia em que a Comissão Europeia dará o seu parecer sobre o Orçamento português, o primeiro-ministro, António Costa, encontra-se com a chanceler alemã, Angela Merkel, em Berlim, para um almoço de trabalho. Em cima da mesa estarão as relações económicas entre Portugal e a Alemanha - e, muito provavelmente, o OE de Costa. Entretanto, o Parlamento discute projetos de Lei do PCP e do PEV que visam impedir quaisquer processos de privatização do sector da água no país. E enquanto de Torres Vedras ao Barreiro, passando por Estarreja e alguns bairros de Lisboa (como Benfica) já se fazem desfiles de Carnaval, nas estradas, PSP e GNR iniciam as operações de intensificação da fiscalização. Bom fim-de-semana!
via dn...

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