Um terço dos professores está exausto e sofre de burnout
O objetivo era perceber
se existiam muitos docentes em stress ou burnout e, no final,
descobriram que 30% dos professores estavam em burnout, contou á Lusa a
investigadora do ISPA responsável pela coordenação do estudo, Ivone
Patrão.
“Esta percentagem fica um pouco acima dos números habituais
registados nos outros países, que rondam entre os 15 e os 25%”,
sublinhou a psicóloga clínica.
A maior parte dos docentes em
burnout são mais velhos, têm um vínculo à função pública e dão aulas no
ensino secundário, acrescentou a responsável, explicando que a média de
idades dos inquiridos é de 49 anos.
Stress, ansiedade e depressão
O
estudo divulgado esta terça-feira revela ainda que existem entre 20 a
25% de docentes que sofrem de stress, ansiedade e depressão.
“O
bem-estar dos professores é considerado essencial para o sucesso de todo
o projeto educativo. Tendo em conta todas as mudanças sociais e
políticas, o burnout começa a ser um problema social de extrema
relevância”, sublinhou a especialista, lembrando que este problema
representa exaustão emocional e falta de realização profissional.
A
psicóloga salienta o facto de todos estes docentes estarem no ativo
quando responderam ao inquérito, o que representa um risco muito elevado
com a relação que se estabelece com os alunos e com a aprendizagem.
O
burnout afeta não só o professor, mas também o contexto educacional,
uma vez que o mal-estar sentido pode originar problemas de saúde, perda
de motivação, irritabilidade, aumento dos níveis de absentismo e
abandono da profissão, o que pode interferir na realização de objetivos
pedagógicos.
Para a especialista, falta formação continua e
oferta formativa que permita aos docentes ter ferramentas para saber
como lidar com situações de conflito em sala de aula.
Segundo a
investigadora, estes professores "não se sentem satisfeitos com o seu
trabalho nem com o sistema educativo tal como ele estava quando foram
inquiridos”.
O estudo foi feito numa altura em que se registaram
algumas mudanças tais como a avaliação de professores, o aumento de
alunos por sala de aula ou o aumento da idade de reforma.
Ivone
Patrão sublinha que os resultados do estudo não são representativos da
realidade que se vive entre os docente, mas pela sua experiência clinica
“é possível perceber que o burnout é uma prática constante”.
O
estudo será apresentado hoje na Assembleia da República, durante a
conferência levada a cabo pela Federação Nacional de Professores
(FENPROF), que assim pretende denunciar este problema, apontando causas e
consequências e apresentando propostas para a sua resolução.
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