segunda-feira, 1 de junho de 2015

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Bom dia, já leu o Expresso Curto Bom dia, este é o seu Expresso Curto
Pedro Candeias
Por Pedro Candeias
Coordenador
 
1 de Junho de 2015
 


Sporting: Eu marco, tu marcas e ele é o Marco 


Dois tipos que têm o mesmo objectivo de vida mas que objectivamente não gostam um do outro são capazes de conviver? Sim, pelo menos enquanto tiverem um interesse em comum. Entre Bruno de Carvalho e Marco Silva havia (e há) uma guerrinha surda mas os dois lá acordaram que, para bem de ambos, o melhor era levarem a coisa até final - até à final. Ganhando um, ganhariam os dois - e ganhava o Sporting. Funcionou, porque às vezes, muito de vez em quando, o futebol ainda tem lógica. É que quem marca dois golos depois de sofrer dois, joga com menos um jogador em campo desde os 15 minutos, e acaba com um guarda-redes coxo a defender penaltis tem de vencer. E isso está escrito algures, nem que seja nas estrelas. 

Mas agora que a festa do Jamor acabou e que já vimos Bruno de Carvalho a festejar assim, assim e, sobretudo, assim, há uma perguntinha que terá de ser respondida: então e o Marco, fica? Ele diz que não sabe e que quem sabe é o presidente; e o presidente nada diz. Curioso: os dois clubes de Lisboa ganharam as três competições (Liga, Taça da Liga e Taça de Portugal) com dois treinadores portugueses - e nenhum deles parece ficar onde está para o ano.

Obviamente, está à vontade para esquecer o que escrevi sobre o futebol e a lógica. 


OUTRAS NOTÍCIAS
Na Rússia chega a história de uma lista negra de 89 cidadãos europeus que estão proibidos de entrar no país porque Vladimir Putin não terá gostado de ouvir da boca deles que andava a pagar aos separatistas na Ucrânia. Entre esses nomes está o do antigo ministro britânico Nick Clegg e, à boleia disto, a BBC lembra-nos os mandamentos mais inacreditáveis de Putin. Aqui estão dois ou três: tu não praguejarás na TV, tu não farás propaganda gay, tu não te vestirás como um gótico. Um pouco para o metediço. 

Por falar em estados que se metem na nossa vida, nos Estados que são Unidos e são da América andaram a votos e às voltas com o Patrioct Act, que permitia à NSA escutar chamadas telefónicas só porque sim. A Wired escreve que a lei prescreveu e que há uma nova receita a caminho - chama-se Freedom Act.

Na Grécia, a liberdade é um conceito estranho, porque é pago. E como hoje é segunda-feira, é tempo de lançar esta semana grega, que não há de ser muito diferente das anteriores. Basta um copy e um paste do que já foi dito (só mudam os números): a Grécia tem até sexta-feira para entregar € 300 milhões ao FMI e tudo depende da boa vontade da senhora Merkel, como se lê na Bloomberg. O Syriza já viu dias melhores e dentro dele a contestação cresce - a escolha de Elena Panaritis para representar a Grécia à mesa com o FMI não foi bem digerida por 40 deputados. Convém recordar: Panaritis vem do PASOK e o PASOK negociou com a troika. Ou triunvirato. 

Para rematar, três notícias de três jornais portugueses: os 7500 professores do privado cujos contratos acabaram em maio, no DN; os autocarros da STCP que perderam 34 milhões de passageiros e a culpa que a empresa põe nos motoristas, no JN; e a ideia de que a política depende mais das relações pessoais do que julgávamos, porque Passos Coelho e o PSD estão de bem com a Madeira de Miguel Albuquerque quando estavam de mal com a de Alberto João, no Público.


FRASES
"Sucesso é quando os teus filhos se tornam melhores do que tu". Joe Biden, vice-presidente dos EUA sobre o filho Beau, que morreu de tumor cerebral.

"A oeste, nada de novo." Marcelo Rebelo de Sousa, de bússola na mão, sobre as notícias de que Rui Rio estará para entrar na corrida à presidência da República. Disse-o na TVI.

"Dias Loureiro não é exemplo para ninguém." Duarte Marques, deputado do PSD, sobre o "velho amigo" de Pedro Passos Coelho em entrevista ao jornal i. 

"Sim, tive medo, mas senti que era mais forte na última curva." Miguel Oliveira, o primeiro português a ganhar uma prova do Mundial de motociclismo. Aconteceu em Mugello, Itália.


O QUE ANDO A LER
Não sei bem o que lhe hei-de chamar: romance, ensaio, reportagem, porque nele há um bocadinho de tudo. O "História Natural da Destruição" de W.G. Sebald é a versão pouco contada do pouco que ficou para contar do lado alemão quando a II Guerra Mundial acabou. É a história de como milhões de inocentes aceitaram a destruição daquilo que era deles por causa de um louco que um dia achou ser melhor do que todos os outros. Neste texto, Sebald recorre a livros esquecidos e a entrevistas que fez para recuperar aqueles últimos dias de bombardeamentos consecutivos dos Aliados em cidades que se refizeram pelas mãos de um povo vestido de vergonha com a roupa dos mortos. 


Fico-me por aqui e amanhã, mais ou menos por esta hora, prepare-se para receber as últimas da noite anterior e as primeiras do dia com o Bernardo Ferrão, que é expedito e rápido a correr atrás das notícias. Ora veja.

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